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Van quebra e não busca aluna

Thalita, 16 anos, é deficiente e não foi estudar por dois dias porque veículo de transporte da Prefeitura de Santo André estava quebrado

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
10/12/2014 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


A jovem Thalita Arruda de Lima, 16 anos, é estudiosa e tem a vida pela frente. Ela é portadora de artogripose múltipla congênita, síndrome que limita os movimentos. Aluna do 2º ano do Ensino Médio, depende de uma van da Prefeitura de Santo André para se deslocar até a escola em que estuda, no bairro Paraíso.

Porém, no fim de novembro, o veículo quebrou por dois dias. “Ela não gosta de faltar. Nos dias 24 e 25 de novembro, a perua quebrou e disseram que não teria outra. Levei-a para a escola de ônibus, em horário de pico, e foi aquela dificuldade”, disse o pai dela, o representante comercial Afonso José de Lima, 44.

Segundo ele, a medida para que a van busque e deixe Thalita em casa, com o acompanhamento de um dos pais, foi obtida por via judicial. “Em 2012 entramos na Justiça para conseguir algo que é de direito dela. Essa foi a primeira vez que aconteceu esse tipo de problema, mas trouxe transtorno enorme. Depois disso, passei mal e procurei um médico.”

Lima compareceu à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Centro e, segundo ele, ficou três horas esperando para passar por consulta. Ele também reclamou que os remédios receitados pelo profissional não estavam disponíveis na farmácia da unidade.

A Prefeitura de Santo André, esclareceu que a ausência de transporte nos dois dias foi um caso isolado. “O veículo adaptado teve sua mola dianteira quebrada, o que impossibilitou de cumprir o atendimento nas datas citadas. No entanto, o serviço público gratuito foi normalizado no dia 26”, disse a nota. A Pasta também informou que não há ação para suspender o fornecimento do transporte escolar.

Em relação ao atendimento de Lima, a coordenação da UPA Centro informou que o paciente foi acolhido e classificado pela enfermagem, às 12h59, com a cor verde (indica casos de menor urgência). O atendimento ocorreu às 15h30, com medicação às 15h45. “Neste dia o atendimento com clínico estava normal. No entanto, vale ressaltar que a UPA Centro tem absorvido usuários do Pronto Atendimento Central, atualmente em reforma e desativado, o que tem gerado aumento de demanda”, afirmou a nota.

Sobre os remédios, o Executivo garantiu que não pertencem à grade do SUS (Sistema Único de Saúde).

DEDICAÇÃO

A síndrome de Thalita é motora e em nada interfere no intelectual. Ela, que chegou a ser desenganada pelos médicos quando nasceu, é hoje uma das primeiras da classe e quer cursar Letras. “Gosto muito de ler e escrever. O último livro que li foi Dom Casmurro, de Machado de Assis.”

Ela fazia fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional na Casa da Esperança, porém, teve alta. Atualmente, ela não realiza nenhum tipo de tratamento, mas sonha em voltar a fazer natação. “Eu fazia hidroterapia no Nanasa, mas depois dos 12 anos também parei.” 




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