No número 275 da rua 15 de Novembro, no Centro de São Paulo, ações de 440 empresas brasileiras – 11 do Grande ABC – são negociadas diariamente. O painel luminoso no centro do prédio que exibe o ranking dos papéis mais comercializados mudam constantemente. É neste local que funciona a sede da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), sinônimo de negócios para investidores e de ‘bicho-de-sete-cabeças’ para grande parte da população.

“O mercado de capitais não é tão complicado como estamos acostumados a pensar”, explica um ex-operador da Bolsa – que não pode se identificar –, durante uma mini-aula gratuita no centro da sala de operações. Trata-se da negociação de compra e venda de títulos de empresas com valor financeiro, chamados de valores mobiliários. Estes papéis são geralmente ações, documentos que representam a menor fração do capital da empresa.

O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários. As empresas abrem seu capital, ou seja, colocam ações à venda, com o objetivo de atrair investimentos e viabilizar o processo de capitalização (ampliação do patrimônio). Este mercado é formado pelas bolsas de valores, corretoras e instituições financeiras autorizadas.

Qualquer pessoa pode investir em ações. A negociação é feita somente nas bolsas, através das corretoras mobiliárias. Elas são habilitadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para fazer a comercialização dos títulos em pregão e orientar o cliente durante a escolha dos investimentos, riscos da operação, análise de mercado e histórico das empresas. No site da Bovespa (www.bovespa.com.br) há uma relação de todas as corretoras autorizadas.

É possível escolher os títulos de 440 empresas nacionais que possuem capital aberto. Toda companhia possui ações divididas em lotes (que podem ser de 1 unidade, 10, 100, 1.000 ou mais). A negociação é sempre feita por lotes.

É importante que a escolha leve em consideração aspectos como a rentabilidade e o grau de risco do investimento. Outro fator que deve ser considerado é a liquidez das ações. Títulos de grande liquidez são os que possuem maior facilidade de negociação.

De acordo com a Bovespa, não há exigência de um valor mínimo a ser investido. Ele varia em função do preço das ações escolhidas. Para quem está começando e tem pouco capital para investir, a dica são os clubes de investimento, que funcionam como aplicações financeiras criadas por um grupo de pessoas (de no máximo 150 pessoas).

A participação ocorre através da aquisição de quotas iguais em recursos de diversas empresas. A administração é feita por uma instituição autorizada.

A ordem de compra ou venda é transmitida pelo cliente à corretora. Ela, através de seus operadores, repassa o pedido à Mega Bolsa, um sistema eletrônico de negociações da Bovespa. A transação é efetivada quando uma outra ordem da mesma ação e com o mesmo preço é lançada no sistema. Isso acontece em segundos.

O valor das ações é ajustado por diversos fatores, como por exemplo oferta e procura. Se o número de ações à venda de uma empresa for maior que o de procura, o preço tende a cair. As perspectivas futuras sobre o desempenho da companhia e do mercado em que ela atua também pode influenciar.