Cultura & Lazer Titulo A Favorita
Horário para grandes emoções
Da TV Press
11/06/2008 | 07:03
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Chega de leveza. A Favorita, novela que entra em sua segunda semana de exibição na Globo, quer investir pesado em tensão e dramaticidade. O confronto entre duas mulheres pelo amor da filha envolve o poderoso sentimento da maternidade, além do desejo de justiça. É essa intensidade emocional a grande força de A Favorita. Resta saber por quanto tempo, antes de sucumbir ao humor do "núcleo pobre" ou às tramas paralelas. O primeiro capítulo fraquejou em 35 pontos de ibope, com 49% de participação. Para uma novela global no horário nobre, isso é menos que pouco. É nada.

Especialmente na noite que Caminhos do Coração, da Record, encerrou com uma audiência - sem trocadilho - recorde. Foram 23 pontos de média e 32% de participação, o que deixou a emissora a inéditos 12 pontos da Globo no horário, o que indica uma sedimentação do público da Record, que mais e mais conquista telespectadores Brasil afora.

A despeito das batalhas pela audiência, A Favorita surge com uma história cheia de personagens palpáveis, distantes dos vilões de olhos vidrados e risos de opereta de outras novelas.

Mesmo que fique uma certa impressão de que o autor João Emanuel Carneiro tenha costurado uma série de temas e situações que já deram certo. Como a luta pela filha em Dancin' Days, um certo ar rural que remete a O Rei do Gado, a tensão social de Pátria Minha e a luta de duas grandes personalidades de Os Gigantes, protagonizada por Francisco Cuoco e Tarcísio Meira.

Patrícia Pillar, porém, não tem antagonista. A atriz criou uma personagem como há muito não se via na TV. Sua Flora é dura, forte e seca, com toda a força expressiva concentrada em poucos gestos e rigidez facial. Claudia Raia tenta fugir de outras personagens-vilãs ao matizar sua Donatela com sentimentos contraditórios de medo, insegurança, autoritarismo e crueldade.

Também superam, e de longe, a superficialidade as atuações de Glória Menezes e de Ary Fontoura, capazes de desenhar seus personagens com extrema sutileza. Tarcísio Meira e Mauro Mendonça Filho podem fazer de seus respectivos Copola e Gonçalo personagens épicos, mas os primeiros capítulos indicaram que devem se aproximar da comédia.

O núcleo pobre, que costumeiramente responde pelos risos, é convencional ao ponto de Cauã Raymond repetir no personagem Halley seu Mateus de Belíssima. Mesmo caso de Mariana Ximenes, que volta ao ar como a favorita Lara, com os mesmos trejeitos da Raíssa de América.

Também se repete o ingênuo bordel e as singelas prostitutas de Cilene, vivida por Elisângela, a barraqueira da vez. Finalmente, a música incidental de cada núcleo também é formal e repetitiva.

A Favorita começou sem glamour, sem grandes histórias paralelas, mas conta com atores soberbos em personagens que podem ser marcantes, talvez até grandiosos.
Tudo depende de quanto será investido nessa dimensão dramática da novela e quanto ela terá de ceder à superficialidade de situações cômicas mal-ajambradas em busca da audiência perdida. Novela das oito - agora das nove - é o momento das grandes emoções.




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