Há avós que são ótimos em contar histórias, fazer roupas de boneca e ensinar brincadeiras antigas, como jogar pião e empinar pipa. Mas eles também podem ser excelente companhia na hora de usar a internet.

Foi o que Julia Helena de Donato, 6 anos, de Santo André, descobriu. “Nós jogamos no tablet e vemos fotos da família no computador”, diz a menina, que garante saber se conectar bem à web. “É fácil e minha avó ajuda bastante. Me ensinou a usar o Google e encontrar bons sites de games.”

A avó Silvia Helena Maida de Donato, 60, diz que Julia também é boa professora. “Ela aprende rápido e sempre me ensina, como na vez em que explicou como maximizar a janela para deixar a foto maior.”

Além de divertido, usar a net com os mais velhos é oportunidade de conversar, trocar conhecimento, experiências e aprender com quem sabe muito sobre a vida. Ao mesmo tempo, dá para ensinar a eles o que você sabe sobre tecnologia.

Só é preciso entender que na terceira idade pode ser mais demorado aprender do que na infância, principalmente quando o adulto tem medo de errar ou de não ser capaz de fazer algo. Por isso, tem de ser paciente e sempre incentivar. Novos conhecimentos são importantes para os avós, podem servir como passatempo e facilitar tarefas, como procurar receitas ou endereço importante.

Com o tempo, Silvia tornou-se bem ativa na net. Tem Facebook, Instagram, Skype e e-mail. “Facilita a vida e aproxima quem está longe. Ao mesmo tempo, pode afastar quem está perto.” A avó não gosta de familiares usando celular e tablet quando estão reunidos. “Faz com que as pessoas não conversem direito.”

Julia já sabe que não dá para ficar conectada toda hora. “Dividimos o tempo de brincar, fazer lição, ler e usar a internet. Só posso ficar por uma hora e nos dias certos”, diz a menina, que não perma

Não precisa ser da família para ajudar

Na Emeb Professor Otílio de Oliveira, em São Bernardo, alunos voluntários são monitores na aula de informática para a terceira idade. “Gosto de ajudar quem precisa”, afirma Lucas Gabriel Neves, 10 anos. E ao ensinar, eles também aprendem. “Agora sabemos como usar o computador e a internet, colocar fotos, entre outras coisas”, diz Pedro Hugo Nogueira, 11.

Para saber como ajudar os adultos, o grupo se reúne com a professora uma vez por semana. “Ela mostra o que precisamos saber para orientar os outros alunos (da terceira idade)”, conta Maria Madalena Gomes, 9, que mora longe da avó, mas comunica-se com ela pela net. “Agora ela criou conta no Facebook e, às vezes, conversamos por lá.”

Luz Blat, 94, é uma das estudantes superespeciais. Participa do projeto há quatro anos. “Aprendi a mandar mensagens para meus primos que moram na Espanha e para um amigo de Porto Alegre”, afirma. Moradora do bairro, Luz gosta da ajuda dos monitores. “É maravilhoso. Faz lembrar minha infância. Eles são muito carinhosos.”

Para Massaru Nagai, 68, é importante saber usar o computador. “Torna a comunicação mais rápida.” Já Teresinha Meneguel, 73, gosta das facilidades que a tecnologia proporciona. “Dá para passar fotos para a máquina e guardar todas juntas.”

Avó usa a internet para falar com netos que moram no Chile

Quem mora longe de parentes queridos costuma sentir muita saudade. Mas na família de Heleni de Paiva, 65 anos, de Santo André, a distância parece diminuir com a ajuda da internet. A avó comunica-se com os netos que moram em San Felipe, no Chile, pelo Skype, programa de computador pelo qual é possível ver e falar com quem está em outro lugar. “Consigo conversar, vê-los e participar da vida deles”, afirma Heleni.

Em momentos importantes, como festas de aniversário, os irmãos Martina, 5, e Fernando Terragno Barreiro Fernandes, 4, deixam o computador ligado para que a avó participe. “Na hora do Parabéns ela também canta”, diz o menino.

Eles costumam se encontrar na rede três vezes por semana. “Contamos o que fizemos no dia, mostramos desenhos e os passos de dança que aprendemos”, explica Martina.

Quando eram mais novos, a avó ficava de olho durante o banho. “Dizia para lavarem a cabeça ou para não ficarem de pé na banheira porque podiam escorregar”, diz a avó.

Além de falar com a família, Heleni usa a net para mandar e-mails. Já os netos gostam de jogar games que a mãe baixa no celular, mas só depois das tarefas da escola e de casa.

Saiba mais

Consultoria de Claudemir Edson Viana, educomunicador e coordenador de projetos educativos com a web pelo Cenpec, e Rosa Maria Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da PUC-SP.