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A Cidade da noite sem fim

Depois da tempestade vem a bonança, diz o provérbio. E, diz a vida real, haja bonança ou tempestade, vem o

Por Carlos Brickmann
31/07/2011 | 00:00
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Depois da tempestade vem a bonança, diz o provérbio. E, diz a vida real, haja bonança ou tempestade, vem o apagão em São Paulo, a cidade mais rica do país.

Faltou luz por mais de duas horas, na quinta - com tempo estável, de veranico incrustado no inverno. Faltou luz na sexta, por mais algumas horas, sem chuva, sem vento. Quando falta luz, o Metrô para, os sinais de trânsito se apagam e voltam enlouquecidos, os eletrodomésticos se queimam, a comida se estraga na geladeira. Sem iluminação pública, cresce a insegurança. Depois, vem uma "explicação técnica" e o Governo impõe às concessionárias pesadas multas - das quais, claro, nenhuma é paga. Indenização? Em que país você pensa que vive?

Porque aqui, em São Paulo, Brasil, há o estranho costume de não pagar indenização, de não abater da conta o tempo em que não houve luz, e ainda de cobrar um extra, para o consumidor deixar de ser besta. O ator Kito Junqueira, por exemplo, teve em 40 dias 28 interrupções de energia, no total de 60 horas sem energia. Sua conta de luz, que varia perto dos cem reais por mês (boa parte de sua casa usa energia solar), passou para R$ 766,12. Ele reclamou, reclamou, e acabou entrando na Justiça. Pediu à Anatel que tomasse providências (acredita nessas coisas, o ingênuo!) A Anatel disse que não poderia fazer nada porque ele tinha entrado na Justiça. Lembrete: a Anatel é a agência reguladora da área.

Dizem que os gringos da AES tentam aumentar o lucro a qualquer custo para vender a concessionária. Mas não fariam uma coisa feia dessas, você não acha?

Ficar para que?

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, já acertou a compra dos submarinos franceses e a construção pela Odebrecht de um estaleiro para trabalhar com esses submarinos. A compra dos caças franceses Rafale, acertada pelo presidente Lula, parece ter gorado. Explica-se por que Jobim anunciou - o que aparentemente era desnecessário - seu voto em Serra, contra Dilma: terminada a tarefa, é hora de sair. E, se puder sair por divergências políticas, ótimo. Mostra independência.

Quem votou em quem?

Depois que Jobim, ministro de Lula e Dilma, anunciou ter votado no candidato da oposição, abre-se o terreno para uma série de especulações:

1 - Aécio e Alckmin, que gostam tanto de Serra que apreciariam vê-lo com fatias de limão espetadas e maçã na boca, terão votado nele para presidente?

2 - E Ciro Gomes, que fez tudo por Lula e terminou preterido, terá votado em Dilma? Seu irmão, o governador cearense Cid Gomes, terá acompanhado o voto?

3 - Imaginemos que Aécio seja o candidato do PSDB, partido de Serra, à Presidência. Estará Serra pronto para votar nele, em nome da militância em comum?

4 - O governador Alckmin, do PSDB, terá votado para deputado em algum candidato do seu partido ou no velho amigo Gabriel Chalita, hoje peemedebista desde criancinha, mas que na época era socialista e apoiava o PT?

Virado à paulista

A política está engraçada em todo o país, mais ainda em São Paulo, onde os absurdos são estridentes. Michel Temer, vice de Dilma, comanda o PMDB, que forma com o PT a base do Governo, e flerta com Alckmin, para que PMDB e PSDB se aliem contra o PT na luta pela Prefeitura paulistana. Kassab, do PSD, quer o tucano Serra na disputa; mas Serra teme ser traído pelo aliado-inimigo Alckmin, que apoiaria o peemedebista Gabriel Chalita (tão amigo que publicou até uma biografia de sua esposa Lu Alckmin). Alckmin devolveria o que Serra fez com ele, ao apoiar Kassab, não tão veladamente. Maluf, que hoje é Lula para o que der e vier, flerta com Alckmin, e ameaça sair pelo PP - sim, o partido de Severino Cavalcanti e do Ministério das Cidades. Dá uma bela sopa de letrinhas, embora com gosto esquisito. E querem nos obrigar a tomá-la na marra.

Por que o mistério?

O Governo paulista proibiu a imprensa de acompanhar os mutirões do Conselho Nacional de Justiça que inspecionam as penitenciárias do Estado. "Não deixo e nem vou deixar", disse o secretário da Administração Penitenciária, Lourival Gomes. "É uma questão de sensibilidade". O CNJ gostaria de ter a imprensa a seu lado nas inspeções, mas é impedido pelo sensível secretário. Sua Excelência deve ter razão: quem esconde alguma coisa sabe direitinho por que a esconde.

O papa do consumo

Um dos principais especialistas internacionais em comportamento do consumidor acaba de confirmar presença no Brasil: Herb Sorensen, analista global da TNS, falará na 45ª Conferência da Associação Brasileira de Supermercados, a realizar-se no final de setembro em Campinas, SP. Sorensen é autor do livro Inside the Mind of the Shopper (em tradução livre, Na Cabeça do Consumidor).

Santos na Assembléia

Amanhã, às 10 da manhã, a Assembléia paulista realiza sessão solene para homenagear o Santos FC por seu centenário. A homenagem foi proposta pela deputada Telma de Souza, do PT, ex-prefeita de Santos. Segundo Telma, "este será o reconhecimento do Parlamento Paulista, que representa o povo do Estado, às glórias do Santos, simbolizadas nas conquistas deste ano".




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