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Paraolímpico de Atenas reunirá muito mais que campeões
Anderson Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
05/10/2003 | 18:57
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Na vida é preciso superar obstáculos. Num país que só se fala de desemprego, fome e violência, encontrar boas notícias é uma missão quase impossível. Mas é exatamente a vontade de viver que transforma o esporte brasileiro num exemplo de superação. Com dificuldades muito maiores, os atletas deficientes treinam forte para os Jogos Paraolímpicos de Atenas, que acontecem de 17 a 28 de setembro de 2004, na Grécia.

É com pouco dinheiro que o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) tenta, ao lado dos atletas, mudar essa imagem negativa e transformar o Brasil num país que dá certo. A meta estipulada pelos atletas e dirigentes para Atenas é superar a 24ª colocação conquistada em Sydney 2000 e ficar entre os 20 melhores países do mundo. Uma marca expressiva, se comparada ao 52º lugar do Brasil nos últimos Jogos Olímpicos dos atletas não deficientes. A supremacia também se confirma no quadro de medalhas. O Brasil dos deficientes conquistou 22 medalhas nos últimos Jogos, contra apenas 12 dos atletas olímpicos.

Rumo a Atenas – A estréia da paraolimpíada no berço dos Jogos Olímpicos, Atenas, deve contar com a maior delegação brasileira da história e superar Sydney, com 64 atletas. O número de participantes para Atenas só será definido em maio de 2004, após todas as seletivas. Mas a expectativa dos dirigentes é de aumentar esse número para 90.

Para cumprir o objetivo de chegar entre os 20 melhores do mundo, o Brasil já garantiu vagas nas seguintes modalidades: natação, atletismo, judô, futebol-7 PC (Paralisados Cerebrais), ciclismo e goalball feminino (específico para cegos). Ainda restam as classificações nas seletivas para basquete em cadeira de rodas, adestramento paraolímpico, futebol-5 (cegos), tênis de mesa, tênis de campo para cadeira de rodas, halterofilismo, vôlei paraolímpico, esgrima e o tiro paraolímpico.

Potência Mundial – Um exemplo da força do paradesporto brasileiro no cenário internacional é a velocista Ádria dos Santos. Detentora do atual recorde mundial dos 100 metros, com 12s34, e dos 200 metros rasos, com 24s99, Ádria é tricampeã paraolímpica, com uma medalha de ouro em Barcelona-96 e duas em Sydney-2000.

Sua deficiência visual vem de uma doença, a retinose pigmentar, que degenera gradativamente a retina até a perda total da visão. Em Atenas, a velocista pretende superar seu último resultado paraolímpico e subir no lugar mais alto do pódio. “Estou treinando para ganhar medalhas nas três provas que vou participar: os 100, 200 e os 400 metros”.

Ádria compete ao lado de Jorge Luiz Silva, o Chocolate, seu guia durante treinamentos e provas. A união entre eles é feita apenas por um cordão amarrado nos dedos. “Ele tem sido muito importante para o meu sucesso. Apesar de não precisar mais tanto do seu apoio com o braço, ele é fundamental na minha motivação”, disse.

O assédio da mídia tem mudado a vida da velocista, que divide sua vida em antes e depois do esporte. “Isso me fez encarar a vida de outra forma. Sou realizada por defender meu país e devo todas as minhas alegrias ao atletismo”, disse, emocionada.




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