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Rachel de Queiroz apresentou o PC
Mauro Fernando
Da Redação
07/08/2001 | 00:32
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Dono de engajamento político que influiu decisivamente no caráter de sua obra, Jorge Amado abdicou dele quando sentiu-se sufocado. Ao perceber que a militância estava sobrepujando a literatura, anunciou em 1956 o afastamento do Partido Comunista (PC), pelo qual elegeu-se deputado federal com 15.315 votos em 1945.

No Rio, para onde se mudou em 1932, o autor dividiu um apartamento com o poeta Raul Bopp. Foi quando conheceu a escritora Rachel de Queiroz, por meio de quem se aproximou do PC. Em viagem pela Bahia começou a escrever Cacau influenciado pela vida dos lavradores da região. Cacau e Suor foram publicados em Moscou, em 1935.

No ano seguinte, Jorge Amado foi preso pela primeira vez por motivos políticos, acusado de participar da Intentona Comunista, levante ocorrido em Natal, no Rio Grande do Norte. Em entrevista concedida ao Diário, em 1988, Amado contabilizou 11 prisões políticas. Em 1937, por determinação militar, foram queimados em Salvador 1.694 exemplares de suas obras.

Quando morou na Europa de 1948 a 1952 por causa do exílio sugerido pelo cancelamento do registro do PC – e a conseqüente cassação do seu mandato –, o autor de Tieta do Agreste dedicou-se a tarefas políticas. Viajou por diversos países, da China à Mongólia, da Polônia à ex-União Soviética.

Para comemorar o primeiro aniversário do filho João Jorge, escreveu, em 1948, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá. Em 1951, ano em que recebeu em Moscou o Prêmio Internacional Stalin, dedicou-se ao romance Os Subterrâneos da Liberdade. A obra, de forte aspecto político, não é classificada como uma de suas maiores.

Em 1950 escreveu O Mundo da Paz, sobre os países socialistas, e, no mesmo ano, foi proibido de entrar nos Estados Unidos por causa da aprovação de uma lei anti-comunista. Como conseqüência, também teve seus livros vetados por lá.

A biografia romanceada A Vida de Luís Carlos Prestes foi publicada na Argentina em 1942. Editada em espanhol, chegava ao Brasil clandestinamente, já que o escritor estava censurado. Apenas no ano seguinte foi lançado Terras do Sem Fim, a primeira obra a ser vendida livremente após seis anos de censura. A biografia de Prestes foi lançada no país em 1945 como O Cavaleiro da Esperança.




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