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Automóveis são os vilões da poluição
Fabiana Chiachiri
Do Diário do Grande ABC
02/09/2008 | 07:10
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Nos grandes centros urbanos, a poluição do ar tornou-se uma das mais graves ameaças à qualidade de vida de seus moradores. E o grande vilão dessa história são os veículos automotores: cerca de 50% dos poluentes expelidos na atmosfera provêm dos carros. Já nos congestionamentos das grandes cidades, esse percentual sobe para 90%.

Preocupados com o alto nível de poluição atmosférica, o efeito estufa, os congestionamentos e as doenças respiratórias provocadas pelos gases emitidos pelos veículos, o governo francês lançou, em 1998, o World Carfree Day, ou Dia Mundial Sem Carro, comemorado sempre no dia 22 de setembro.

No Brasil, 56 cidades já aderiram ao movimento, que visa defender o meio ambiente e a qualidade de vida. Neste ano, o Diário abraçou a causa e lançou a campanha Sabendo Usar Não Vai Parar. O objetivo é incentivar a população a deixar o automóvel na garagem no próximo dia 22, buscando outras alternativas para se deslocar, como bicicleta ou transporte público.

O Estado de São Paulo enfrenta uma situação particularmente preocupante por ter cerca de 40% da frota automotiva do País. Na cidade de São Paulo são cerca de 6 milhões de veículos - um carro para cada dois moradores. No Grande ABC, a situação é semelhante. Dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) apontam uma frota de mais de 1,2 milhão de veículos, média de 2,3 habitantes por carro.

VILÕES
Entre os gases emitidos pelos carros estão monóxido de carbono (CO), óxido de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos (HC), e partículas inaláveis (MP10). Essas substâncias, em contato com o sistema respiratório, podem produzir efeitos nocivos à saúde.

"Não existe um que seja pior do que o outro. Quando estudamos pessoas que estão expostas ao tráfego não podemos responsabilizar apenas um poluente", explica Paulo Saldiva, professor e diretor do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP (Universidade de São Paulo).

Um dos poluentes que mais preocupam médicos, especialistas e pesquisadores é o ozônio. Apesar de não ser emitido diretamente pelos escapamentos dos veículos (aparece de um processo fotoquímico envolvendo óxido de nitrogênio liberado pelos carros em contato com a radiação solar), estudos revelam que uma alta taxa de ozônio nas camadas baixas da atmosfera (troposfera) causa ou agrava doenças respiratórias e alérgicas.

Pesquisa realizada em 2007 constatou que em crianças de 1 a 4 anos da Região Metropolitana há um risco aproximado de que 18% delas sejam internadas com problemas respiratórios provocados pelo ozônio.

"Esse poluente está totalmente descontrolado", alerta Saldiva. O nível considerado seguro pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é de 160 microgramas do gás por metro cúbico (m³) de ar por uma hora de amostragem. Na cidade de São Paulo, medições feitas pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) já indicaram 200 microgramas/m³ de ar.




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