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Professores de Ribeirão enviam carta aos alunos

Docentes da EM Angelina Bertoldo resgatam hábito da escrita à mão e surpreendem famílias

Por Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
07/03/2021 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Com a sugestão de se aproximar ainda mais dos alunos e enviar um pouco de calor humano, profissionais da EM (Escola Municipal) Angelina Denadai Bertoldo, no bairro Colônia, em Ribeirão Pires, resolveram colocar a mão na massa, ou melhor, na caneta e no papel, e escreveram cartas para os alunos matriculados na unidade, que atende 120 pessoas no ensino infantil integral (zero a 3 anos).

Com as aulas de forma remota, por causa da pandemia da Covid-19, os profissionais resgataram hábito quase perdido nos dias de hoje, de escrever cartas à mão e enviar pelo Correio – algumas foram entregues por profissionais da unidade escolar.

Diretora da escola, Marisangela dos Santos, 46 anos, conta que a ideia das cartas surgiu em conversa com o coletivo de docentes. “Os professores gostaram muito da ideia, acharam que era momento oportuno, que as famílias e as crianças precisam ser acolhidas. Todo mundo aceitou a ideia e iniciamos o processo de escrita e estamos finalizando as entregas das cartas.”

Marisangela relata o carinho que os professores tiveram ao escrever as cartas, tudo à mão, escolhendo papéis bonitos para realizar a escrita, “pensando em como seria receber esse gênero textual que é tão antigo e que as crianças jamais tiveram acesso. Resgatar um pouco dessa memória que a gente vivia há um tempo”.

Professora de desenvolvimento infantil, Andréa Ferreira de Morais, 49, conta que os docentes sentem falta do convívio com os alunos. Ela diz que o intuito das cartas é fazer acolhimento com a criançada, para que elas se sintam amadas. “(Saberem) Que a gente se importa, que estão fazendo falta na nossa vida, na nossa escola”, comenta.

Andréa diz que as respostas das famílias estão chegando aos poucos, já que a escola ainda está enviando as cartas. “É bem gratificante quando alguém fala, no grupo de WhatsApp que temos, obrigado, falam do carinho que estamos passando para eles. Temos de ter essa empatia, manter o vínculo. Não podemos perder isso com as crianças e as famílias. Para elas não perderem a vontade de vir para a escola quando for seguro.”

Luciana Del Riga da Costa, 45, professora do berçário II, explica que, ao escrever uma carta, “colocamos todo o nosso sentimento nas palavras, aquilo que a gente gostaria de desejar. Um sentimento de saudade, de vontade de estarmos juntos novamente”. Além disso, ela conta que a ação feita pela escola resgata algo que hoje em dia não se vê mais, “que é pegar uma caneta, um papel e escrever uma carta para aquela pessoa que a gente tanto gosta”.

Gabriela Camillo, 32, diz que a carta foi uma surpresa muito boa, sobretudo porque a filha Catarina, 3, do maternal, está com muita saudade da escola. “A mensagem na carta foi de que as professoras estavam com saudade dela e esperando a volta ansiosamente”. A mãe conta que Catarina está com “saudades das professoras e dos amigos também”, e que receber a carta foi uma boa surpresa.

Para Gabriela, o sentimento que fica com a ação, é de que a filha é querida na unidade escolar. “Apesar de estar longe ainda estão pensando nela. Quando você recebe uma carta, escrita à mão, endereçada a você, é totalmente diferente. Foi muito bom a gente receber. É um carinho muito grande, um acolhimento. A gente que trabalha e deixa o filho na escola fica pensando se está sendo bem cuidado. E está, sempre. E isso só prova essa verdade.”




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