Quando começou a faculdade em 2004, o designer sao-caetanense Luiz Gustavo Perrella Rosa ficou interessado nas facilidades que o cartão de crédito oferecia. "Você acaba achando que pode comprar o que bem quiser, e parcelar tudo", disse. Mas como toda facilidade fascina, ele gastou com o plástico, para pagar em várias vezes, e se enrolou no crédito rotativo. "Eu gastava e quando chegava a fatura não tinha dinheiro. Então pagava só o mínimo e acabou estourando", lembrou. Hoje, depois do sufoco financeiro, utiliza o meio de pagamento, na maioria das vezes, para compras internacionais pela internet. "O restante pago no débito ou no cheque."

Agora, Perrella administra o cartão da forma correta, segundo os especialistas. "Tem que ser disciplinada, não gastar mais do que precisa", disse o professor do Laboratório de Finanças da FIA Keyler Carvalho Rocha. E dessa maneira é possível tirar vantagens do meio de pagamento, cujo tíquete médio em julho no País era de R$ 110, ou seja, 5% a mais do que no mesmo mês de 2010.

As empresas que controlam os cartões de crédito concedem entre 30 e 40 dias de prazo para pagar a fatura sem cobrar juros. Isso porque o fechamento das administradoras é, normalmente, dez dias antes do vencimento ao cliente, como exemplo no dia 1º para pagamento no dia 10. Com isso, o consumidor pode concentrar a maioria dos gastos no plástico, investir o salário, aproveitar os rendimentos e sacar para pagar a fatura no mês seguinte, orientou o professor da Faculdade de Economia da Faap Otto Nogami.

Mas Rocha lembrou que a melhor opção, neste caso, é um fundo de renda fixa com alta liquidez, como o DI, mesmo com a cobrança de tributos mais altos por sacar em poucos dias. "Se você colocar o dinheiro na poupança e sacar em menos de 30 dias, você não terá rendimento algum. Já no fundo esse período será contabilizado", explicou.

PLANEJAMENTO - O professor de Matemática Financeira da Fiap Marcos Crivelaro destacou a facilidade que o cartão de crédito oferece para a organização financeira. "Quem tem bom equilíbrio na utilização consegue fazer gráficos de quanto gastou." Nogami acrescentou que o conhecimento da despesa desenvolve fator psicológico de controle de consumo, o que é bom para a saúde financeira.