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Obstetrizes conquistam espaço na região
Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
05/05/2013 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Nascer, crescer, se reproduzir e morrer. Desde cedo a criança aprende na escola o ciclo da vida. Mas a primeira etapa desse processo, o início de tudo, tornou-se um procedimento medicalizado. Em busca de uma relação mais humana com o próprio parto num País onde 5% das mulheres sofrem algum tipo de violência física ou verbal no momento do nascimento do bebê, as obstetrizes com formação de nível superior, que comemoram hoje o seu dia juntamente com as parteiras, ganham cada vez mais espaço.

"O sentimento de trazer uma criança à vida de forma natural é emocionante, divino, difícil de descrever em palavras", resume a professora do curso de Obstetriz da USP (Universidade de São Paulo), Priscila Raspantini, 28 anos.

A realidade do parto natural e sem intervenções médicas para mulheres em condições de saúde normais, porém, ainda é algo distante no Brasil. Conforme a coordenadora do curso da USP, Nádia Zanon Narchi, considerando todos os partos no País, a taxa de cesáreas chega a 52%, enquanto a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda no máximo 15%. Já na rede privada de Saúde, as cesáreas são 90% dos partos. "As obstetrizes são realidade nos países desenvolvidos. Elas são responsáveis por acompanhar o pré-natal e o parto de todas as mulheres saudáveis. Aqui, porém, ainda se fazem mais cirurgias invasivas e com riscos."

Para se ter uma ideia, apesar de ser uma profissão regulamentada desde 1986, há apenas 5.000 obstetrizes no País, enquanto na Inglaterra são 28 mil.

No caso dos convênios, o problema esbarra principalmente na remuneração dos médicos, conforme a avaliação da obstetriz de Santo André Mariane Menezes, 27, que já atuou em mais de 400 partos. "Um médico de convênio recebe, em média, R$ 300 para fazer o parto. A maioria acaba criando desculpas para realizar a cesárea porque ela é rápida e com hora marcada, sem precisar mudar a agenda, sem esperar o tempo natural da criança. Enquanto essa realidade não mudar, os índices de cesáreas vão continuar altos."

OPÇÃO - Mesmo diante deste quadro, cada vez mais mulheres optam por se tornarem protagonistas durante o parto de seus filhos. Sim, elas querem parir, e não ser operadas, invadidas. É o caso da educadora ambiental e professora de inglês de Santo André, Sarah Bryce, 33 anos. Grávida do segundo filho, Sarah está decidida: quer fazer parto domiciliar com o acompanhamento de equipe de obstetrizes. "Quero viver esse momento do meu jeito, com as pessoas que amo, e sentir tudo o que tenho para sentir."

A primeira filha de Sarah, hoje com 5 anos, nasceu no Canadá, seu país de origem. "Já morava no Brasil, mas decidi que não queria ter minha filha nesse sistema de Saúde que não me oferece o que preciso. Portanto, fui para lá para ter o parto normal no hospital público e, depois de dois meses, voltei com minha filha."

Sarah não fará nenhuma preparação especial até a chegada do grande dia. "Pratico yoga, tenho uma alimentação saudável e faço pré-natal. Não tem mistério. Toda mulher está pronta para ter filhos. Não podemos deixar que nos façam acreditar no contrário."




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