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Solvay fecha acordo sobre cal contaminada
Sérgio Duran
Da ARN, em Sao Paulo
13/07/1999 | 00:03
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A Solvay Indupa do Brasil, a Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e o Greenpeace assinaram nesta segunda, na sede do Ministério Público em Sao Paulo, um termo de compromisso para investigar em conjunto as denúncias de que a cal estocada pela fábrica em Santo André - nas proximidades das margens do Rio Grande - estaria contaminando o seu leito com mercúrio e substâncias organocloradas. A investigaçao se estenderá à acusaçao, feita também pelo Greenpeace, de que a cal andreense teria contaminado com dioxina a polpa cítrica exportada pelo Brasil para a Europa.  Segundo o diretor de campanha do Greenpeace no Brasil, Délcio Rodrigues, o acordo é "um primeiro passo para a descontaminaçao do rio". "A partir de agora, analisaremos a fundo a situaçao. Juntaremos as nossas análises às análises deles e às da Cetesb. Se houver discrepâncias entre os dados, faremos um levantamento de tudo e novas análises", explicou. O protocolo incluiu o comprometimento da Solvay de, em caso de necessidade, custear novas análises do rio e da cal por qualquer laboratório, indicando sua preferência pelo Cenpes, da Petrobrás.  "A Solvay tem milhares - e isso nao é figura de linguagem, é a realidade - de análises que nao indicam contaminaçao. Nao temos nada a esconder. Talvez eles tenham análises que nós nao temos e isso é o que queremos verificar. O acordo garantirá um dossiê completo do assunto", afirmou Rogério Fragale, diretor industrial da fábrica.   Apesar de se abrir para a investigaçao, demonstrando estar segura da inocência das acusaçoes, a situaçao da Solvay, segundo o diretor do Greenpeace, nao é confortável. A ONG (Organizaçao Nao-Governamental) classifica a cal como lixo tóxico, nao devendo ser estocada. No entanto, a fábrica estoca uma quantidade gigantesca nas margens do Rio Grande. Uma das análises apresentadas pelo diretor de controle de poluiçao da Cetesb, Paulo Ferreira, indica que para retirar toda a cal de Santo André seria necessário que 19 caminhoes com capacidade para seis toneladas cada retirassem esta quantidade por hora durante cinco anos ininterruptos.   No caso da contaminaçao do leito do rio com mercúrio e substâncias organocloradas - entre as quais a dioxina, cancerígena e difícil de ser encontrada na água -, as análises do Greenpeace sao incontestáveis, segundo Délcio Rodrigues. "Analisamos 50 metros de rio que ficam antes da Solvay e nao encontramos nada. Dos 50 metros aos 150 metros posteriores, todas as mostras indicaram contaminaçao compatível com a atividade industrial da Solvay. Nao daria para ser outra a fábrica responsável", disse.



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