Setecidades Titulo Luto na Favela do Amor
Lucas é enterrado sob comoção e pedidos de justiça

Corpo do adolescente, que desapareceu no dia 12, foi encontrado no Parque do Pedroso

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
01/12/2019 | 07:00
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Arquivo/Diário do Grande ABC


O corpo do adolescente Lucas Eduardo Martins dos Santos, 14 anos, que foi encontrado morto há duas semanas, foi enterrado na manhã de ontem, no cemitério Curucá, em Santo André. A despedida foi marcada por forte comoção e apelos por justiça.

Lucas desapareceu na madrugada do dia 12, após deixar a casa de uma tia, na favela do Amor, na região da Vila Luzita, Santo André. No dia 15, um corpo foi encontrado na Represa Billings, no Parque do Pedroso, no bairro Parque Miami. Exame de DNA confirmou que o cadáver era do adolescente.

Para a família de Lucas, a PM (Polícia Militar) está envolvida no desaparecimento do menino. Dois policiais, integrantes do 41º batalhão, são suspeitos de participarem de abordagem ao jovem na madrugada do dia 12 e foram afastados preventivamente das ruas. Uma mancha foi encontrada no interior de uma das viaturas, de prefixo M4222. A família ainda aguarda resultado de perícia que está sendo feita pela Polícia Científica para saber se marca trata-se de vestígio do sangue de Lucas. Também esperam pelo resultado de laudo necroscópico para saber a causa da morte do garoto. Conforme a polícia, o cadáver não tinha sinais de violência externa.

“A gente espera que descubram quem fez isso com o Lucas, porque não foi simplesmente um afogamento. Ele foi espancado e assassinado. A gente espera que a corregedoria (da PM) nos dê uma resposta”, disse Isabel Daniela dos Santos, tia de Lucas. Ela reclamou do fato de o caso ter sido colocado em segredo de Justiça. “A gente não recebe nenhuma informação sobre as investigações. A gente se sente ameaçado, com medo, porque a gente não sabe o que pode vir a acontecer. A gente tem medo até de sair para comprar pão”, lamentou.

Além de parentes de Lucas, amigos e vizinhos da favela do Amor acompanharam a despedida. A mãe do garoto, Maria Marques Martins dos Santos, foi liberada pela Justiça para acompanhar o velório. Condenada por tráfico de drogas, ela constava como desaparecida há dois anos e foi presa no dia 19 depois de comparecer ao setor de homicídios de Santo André para tentar reconhecer o corpo do filho.

BARULHO
Detida na penitenciária feminina de Santana, na Zona Norte da Capital, Maria Marques chegou no cemitério pela manhã escoltada por agentes da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária). Poucos minutos depois, deixou o local e, quando a mulher já estava na viatura, foi possível ouvir um barulho. Para a família de Lucas, o estrondo tratou-se de um disparo de arma de fogo. “Eu não ouvi (o barulho) porque eu não estava lá na hora, mas me disseram que foi um tiro. Se isso aconteceu, para mim foi uma ameaça”, teme a tia de Lucas.

A SAP foi questionada pelo Diário sobre o fato, mas não se manifestou até o fechamento desta edição. Para o advogado Ariel de Castro Alves, conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos), o segredo de Justiça “acaba servindo mais para proteger os acusados do que as vítimas”. 




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