Política Titulo Funcionária de carreira
Mãe de global na Câmara de Diadema

Entusiasta da carreira do filho, o ator Ícaro Silva, dona Jô é funcionária do Legislativo de Diadema há 24 anos, onde começou como auxiliar de limpeza e hoje atua na contabilidade

Por Junior Carvalho
20/08/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Quem frequenta os corredores da Câmara de Diadema nem imagina que no segundo andar do prédio trabalha dona Jô Silva, entusiasta número um e mãe do ator global Ícaro Silva, que está no ar na novela das 19h, que recentemente foi campeão da competição Show dos Famosos, no Domingão do Faustão, e capa deste mês da revista Dia-a-Dia, do Diário.

Discreta e alheia ao lobby político diário no Legislativo, dona Jô prefere não falar sobre sua vida pessoal no ambiente de trabalho, onde está há duas décadas.

Dona Jô é funcionária de carreira da Câmara diademense desde 1994 e está entre os servidores mais antigos da Casa, onde sempre circula sorridente. A ascensão na carreira do filho foi tornando a mãe de Ícaro mais conhecida, mas nem de longe dona Jô faz questão de colocar isso em evidência.

Pernambucana de Feira Nova (cidade que fica a cerca de 80 quilômetros da capital Recife), dona Jô começou como auxiliar de limpeza no Legislativo diademense. Passou por outros cargos e hoje integra o setor de contabilidade.

Com bom humor, sua marca registrada, responde à equipe de reportagem do Diário como chegou na cidade. “A pé, andando”, brinca, ainda resistente em contar sua trajetória. “Eu cheguei em Diadema em 1984, arrumei um emprego na (indústria) Papaiz e vim morar no Jardim das Nações. Lá eu era operadora de máquina, tipo profissional mesmo”, relembra a hoje moradora da vizinha São Bernardo.

Dona Jô conta que foi na época em que começou a trabalhar na Câmara que o filho, ainda pequeno, já mostrava ter veia artística. Para não deixar Ícaro e a irmã mais velha, Martha, sozinhos, a então auxiliar de limpeza costumava levá-los para o trabalho. “O Ícaro tinha 6 anos. Eu levava ele e a Martha para o banheiro, forrava o chão com papel e deixava os dois”, confidencia, ao relembrar que, enquanto trabalhava, o filho já dava asas à imaginação. “Eu pegava uma folha de sulfite e dava para o Ícaro desenhar. Nesse desenho, ele criava uma história. Mas eu não prestava muita atenção, tinha muita pressa. Eu entrava mais cedo no trabalho, mas depois iam chegando as outras pessoas. Imagina você levar o filho para o trabalho? Eu rasgava tudo e jogava no lixo (os desenhos). Era ignorância da minha parte”, conta. “Quando era na hora da escola, eu dava uma fugida (do trabalho), os levava e voltava para faxina.”

Além de dificuldades financeiras, a família também passou por episódios que, hoje, dona Jô acredita terem servido como “aprendizado”. “Em 1995 a gente perdeu a casa, um barraco que a gente vivia no Campanário, num desmoronamento. Fomos morar em um abrigo. Foi lá que tomei um tiro (de bala perdida). Não sei de onde veio essa bala. Quase fui à morte. Apesar desse problema todo, o Ícaro foi uma pessoa essencial na minha vida. Fez tudo para me levantar.”

HISTÓRIA ESCRITA

Apesar de hoje poder usufruir de uma vida mais confortável, dona Jô diz que não pensa em parar de trabalhar. “Quero trabalhar até o dia que Deus quiser e chegar a idade de eu me aposentar. O trabalho dignifica a gente”, justificou, ao emendar que pretende lançar um livro para registrar sua história de vida.   




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