Eleições 2016 Titulo Santo André
Paulo Serra leva PSDB ao Paço

Ex-vereador quebra hegemonia de PT e PTB
com votação histórica, emplacando 276,5 mil votos

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
31/10/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Ex-vereador de Santo André, Paulo Serra é o primeiro prefeito eleito a levar o PSDB ao comando do Paço ao conquistar votação histórica neste segundo turno do processo, alcançando 276.575 votos (78,21%) contra o atual prefeito Carlos Grana (PT), que obteve 77.069 sufrágios (21,79%). A quantidade de adesões nas urnas supera a do triprefeito Celso Daniel (PT, morto em 2002) na eleição de 2000, quando o petista angariou 250.506 (70,13%), embora o resultado tenha se dado na etapa inicial. O tucano interrompeu hegemonia de PT e PTB, partidos que se alternam no poder desde 1982, em oito pleitos consecutivos na cidade.

Diante do aumento de aliados, a exemplo dos prefeituráveis Ailton Lima (SD) e Rafael Daniel (PMDB), quarto e sétimo colocados no pleito, respectivamente, siglas como PSB e DEM, além do desgaste institucional do petismo, Paulo conseguiu ampliar votação do primeiro para o segundo turnos em 157.035 votos, vencendo nas dez zonas eleitorais da cidade. Foram 199.506 sufrágios de diferença para Grana nesta fase. O petista, por sua vez, elevou seu apoio em apenas 9.441.

O prefeito eleito desembarcou no Ocara Clube por volta das 19h30. Emocionado, entrou no local ao lado da mulher, Ana Carolina. Teve seu nome ovacionado pelos apoiadores, que lotavam o espaço. Muitos gritavam: “Tiramos o PT”. Foi alçado na plateia. Havia clima de comoção, alguns por acreditar que a campanha ficou marcada por ataques. Certo é que o tucano conseguiu ser candidato somente na segunda tentativa. A primeira, em 2012, foi abortada, pelo partido, o que culminou em sua saída do tucanato. Ele retornou no ano passado com a garantia de ser o candidato a prefeito. O ex-vereador rechaçou que a cidade incorporava o ‘Cinturão Vermelho’. “Nas últimas duas eleições (2010 e 2014), o PSDB ganhou aqui. O que faltava era esse representante do azul, por assim dizer, com essa cara, forma de dialogar, projeto diferente. O (presidenciável) Aécio (Neves, PSDB) teve 66%.”

Ex-secretário de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos, Paulo admitiu surpresa com a votação, que ele atribuiu a somatória de fatores e, ao mesmo tempo, à recuperação do sentimento de esperança da população, “mesmo em momento difícil, de perda da credibilidade na política”. “Não esperávamos essa votação, a maior da história. Isso nos dá grande responsabilidade (no governo a partir de 2017), pois as pessoas estão depositando muita fé, expectativa”, disse, ao avaliar que o PT errou justamente por trair a confiança do eleitor. “Do ponto de vista da gestão orçamentária foi desastroso, levando a cidade a situação econômica crítica.”

O tucano reiterou devolver Santo André às pessoas, “independentemente de partido político”. Segundo Paulo, o mandato dos chefes de Executivo eleitos do Grande ABC, de 2017 a 2020, congregará lideranças da mesma geração, o que auxiliará na discussão de propostas regionais. “São prefeitos relativamente novos (de 34 a 54 anos, entre os sete da região), com visão de gestão moderna. Existe, inclusive, amizade extrapolítica. São cabeças mais próximas, com identidade.”

TRANSIÇÃO
Paulo alegou que Grana ligou ao fim da apuração para cumprimentá-lo pelo êxito na eleição. Apesar do clima tenso durante a empreitada, diante da conversa o tucano considerou que o processo de transição acontecerá de maneira harmoniosa a partir da próxima semana. “Não só espero como tenho certeza que a transição será muito tranquila e pacífica.”

Antes do voto, Grana fala em reconstrução do PT
Chefe do Executivo afirma que se arrependeu de indicar Paulo Serra para seu primeiro escalão

Perto das 9h, o prefeito de Santo André, Carlos Grana, já admitiu: o trabalho será para reconstruir o PT, seu partido. Ele, como faz em todos os pleitos, visitou a casa dos pais, na Vila Palmares, antes de depositar o voto, na EE Professor Rener Caram.

Dona Zefa e de seu Amadeu prepararam variedade de bolos, café, suco e o tão famoso pão especial feito apenas em eleições. Estava acompanhado de sua vice, Oswana Fameli (PMB), e a ex-ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão e ex-presidente da Caixa Econômica Federal Miriam Belchior (PT). “Miriam, olha essa foto aqui. Tiramos há quatro anos, na última eleição”, mostrou no celular. “Como o tempo passa rápido.”

“O cenário político é outro, antes estava favorável ao PT. Agora a sigla vive fase ruim nacionalmente. Eu também mudei. Hoje posso dizer que conheço Santo André por inteira e tenho, sim, o sentimento de missão cumprida”, comentou Grana. “Vou me dedicar firmemente para reconstruir o PT.”

Nos seus anos de trabalho no Paço, Grana disse que se orgulha muito, principalmente, do destaque que teve na quinta edição do Prêmio Prefeito Amigo da Criança, promovido pela Fundação Abrinq, neste ano. Já em questão de arrependimento, não pensa duas vezes ao dizer: “Devia ter escolhido melhor os meus secretários”, referindo-se ao que ele chama de traição de Paulo Serra (PSDB). O tucano foi secretário de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos da gestão Grana entre janeiro 2013 e junho de 2015.

Paulo votou por volta das 12h30 na Escola Educandário Santo Antonio, na Vila Alpina, ao lado da mulher, Ana Carolina, da filha Maria Carolina e do vice na sua chapa, vereador Luiz Zacarias (PTB). Na saída, o tucano evitou fazer avaliação sobre o desgaste do petismo. “Julgamento do povo é soberano. PT é o partido que sistematizou e criou o maior escândalo de corrupção da história da humanidade. Se eles quiserem continuar na política de cabeça erguida e de cara limpa eles têm que se reinventar. Mas isso é problema do PT.” 




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