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Clube de assinaturas de publicações adultas e
infantis vira ‘febre’ entre os apaixonados por livros

Miriam Gimenes
10/10/2016 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


 A palavra vício geralmente está associada a algo ruim. Na própria definição do dicionário é descrita como “defeito ou imperfeição grave de pessoa ou coisa”. Mas como em toda regra sempre há uma exceção, nem todo dependente é prejudicado. Quem tem o hábito de ler diariamente, por exemplo, deve ser, no caso, louvado. Afinal, como disse Voltaire, “a leitura engrandece a alma”.

Os apaixonados pela prática tendem a sempre querer mais. E, de olho nesse nicho, clube de assinaturas de livros – adultos e infantis – tem visto os ‘clientes’ crescerem a cada ano. É o caso da TAG – Experiências Literárias. Tomás Susin dos Santos, um dos fundadores da empresa, conta que a ideia surgiu em 2014. “Somos três jovens apaixonados pela leitura. Unimos a vontade de empreender com o hábito de ler. Na época, alguns clubes de assinatura de cervejas e vinhos estavam surgindo, e achamos interessante fazer algo nesse modelo. Lembra um pouco o extinto Círculo do Livro, da década de 1980”, conta.

Todo mês eles convidam alguém que seja referência no cenário cultural para indicar a obra a ser enviada aos 11 mil associados. Já estiveram na lista de curadores Sérgio Rodrigues, Letícia Wierzchowski, Adriana Lisboa, Luis Fernando Verissimo, Heloisa Seixas, Mario Sergio Cortella, Clovis de Barros Filho e, para 2017, está confirmada Martha Medeiros.

O principal feito da TAG é entregar uma experiência diferente de leitura. “Livros que ele não descobriria se não fosse pela TAG, novos estilos de leitura, novos autores. A certeza de receber em casa todos os meses um livro de qualidade, recomendado por quem entende do assunto. Além do livro, é enviado um material para complementar a leitura, com informações valiosas sobre a obra, sobre quem indicou e quem escreveu.” Tudo isso ao custo de R$ 69,90 mensais.

Uma das ‘clientes’ do clube é a diretora técnica da Fundação Criança de São Bernardo, Samara Xavier, 29. Natural de Inajá, sertão de Pernambuco, ela ganhou gosto pela leitura pelos exemplos que teve em casa." Sempre ouvi meu painho lendo cordéis, além de minha tia Lúcia, que é professora e hoje é diretora de escola lá em Inajá, que sempre vi mergulhada em livros e incentivou a mim e minha prima Luciana, sua filha, a lermos. Tive um infância marcada por histórias da vida real e da imaginação, penso que não teria outro caminho além de ser apaixonada pelos livros.”

Assinou a TAG no ano passado e espera, ansiosamente, pela chegada do pacote mensal. “A assinatura é uma das melhores coisas que fiz como leitora. É uma delícia esperar a caixinha chegar. Inclusive tenho uma amiga jovem que sofreu um AVC e uma das alternativas, pensando como ajudá-la, foi presenteá-la com a assinatura. Todo mês é um motivo a mais para falar com ela. É mágico.”

O presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro) Luís Antonio Torelli, diz ter apreço pelo trabalho dos clubes de assinatura infantil e adulto. “Tanto por formarem novos leitores quanto por irem até eles. Esses clubes, como as feiras de livros, são muito importantes para um País com tão poucos praticantes deste hábito.” Neste tipo de vício, quanto mais, melhor.

Livros infantis são escolhidos por especialistas e ajudam os pais

O hábito de ler para uma criança é mais do que pronunciar palavras. É um gesto de amor. E foi com este entendimento que três sócios, entre eles Rodolfo Reis, criaram o Leiturinha, primeiro e maior clube do livro infantil do Brasil, em 2014. Pai de Sofia, 5 anos, e Henrique, 11 meses, assim que se tornou pai, Rodolfo notou a dificuldade de escolher qual livro ler para a pequena. “Na livraria o que vemos são os lançamentos do momento e todos com a capa muito semelhante. E pensamos: ‘Qual meu filho vai gostar?’ Para piorar, ficamos em Poços de Caldas, em Minas Gerais, que tem apenas uma livraria com poucos livros infantis. Descobrimos que vários municípios do País passam pelo mesmo problema”, explica Rodolfo. 

Os sócios uniram, então, um time de especialistas composto por pais, psicólogos e pedagogos, que seleciona os livros ideais dentre mais de 150 editoras, de acordo com a faixa etária. Todas as embalagens enviadas são personalizadas, perfumadas e endereçadas aos cuidados das próprias crianças. “Vivencio isso em casa é sempre uma alegria para  eles abrir o pacote. Recebemos sempre feedbacks positivos porque a leitura é uma forma de aproximar a família, já que muitos não ficam tempo suficiente com os filhos, além de criar o hábito nas crianças”, destaca Rodolfo. Dentro do pacote vem uma carta do curador explicando a melhor forma de expor a obra aos pequenos. 

O Leiturinha já tem cerca de 20 mil assinantes e dispõe de planos a partir de R$ 34,90 por mês. Quem assina também pode baixar um aplicativo, o Leiturinha Digital, onde todas as publicações já enviadas – cerca de 700 livros e 300 vídeos – podem ser acessados a qualquer momento.




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