Até esta quinta, o saldo das operações seria, segundo os moradores, um morto e dois feridos. Uma das vítimas, o decorador de gesso A.P.S., 20 anos, diz ter sido espancado por policiais militares na última sexta-feira. Com hematomas aparentes no olho direito, ele diz que os PMs bateram em sua cabeça e no rosto. "Me espancaram na frente da minha filha, mulher e mãe. Eles acham que sou o assassino do soldado só porque tenho um Opala marrom." O Opala marrom é da mãe de S. Segundo a polícia, o homem que atirou no soldado na semana passada teria fugido em um veículo com as mesmas características.
S. conta que no exame de corpo de delito, os policiais teriam barrado o trabalho completo do médico. "Falavam que não precisava examinar tudo, não queriam que as marcas fossem vistas", disse o decorador. O irmão de S., C.A.P.S., 22, teria sido morto durante a operação de quarta-feira.
De acordo com S. e a população local, policiais militares fecharam as ruas Cafezais, Anita Garibaldi e a passagem do Sossego e iniciaram a busca pelo morro na noite de quarta-feira. "Eles estão em cima da gente desde sexta-feira. Já invadiram várias casas e espancaram pessoas", afirma outro morador.
Segundo a população, a polícia invadiu o local por volta das 21h desta quarta com o objetivo de achar os culpados pela morte do soldado Etelvino de Oliveira Pauta, 38 anos. Durante a operação policial na favela, um homem foi morto e outro baleado. Em boletim de ocorrência registrado no 1º DP da cidade, a polícia só confirma ter baleado a vítima que morreu (irmão do suspeito pela morte do PM).
O baleado, J.J.O., 30 anos, é segurança e foi atingido dentro de casa, na operação desta quarta. Sua mulher disse que bateram na porta, forçaram a entrada e espancaram e atiraram em seu marido, que até quinta estava internado em um hospital de São Bernardo.
A polícia diz que esteve no Montanhão nesta quarta e que a operação só aconteceu porque recebeu uma denúncia anônima sobre um toque de recolher, que não teria sido constatado, segundo nota oficial da PM. Na operação, tanto moradores quanto a polícia dizem que houve tiroteio. A polícia diz que quem atirou primeiro foi um morador - o que acabou morto. Segundo a nota oficial da PM, "os policiais foram recebidos com tiros e um criminoso foi baleado ao resistir à prisão". É diferente a versão da família da vítima. "Meu primo nem teve chance de agir. A polícia veio para prender e chegou atirando", afirmou um parente de S., que morreu no Pronto-Socorro Central da cidade.
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