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Região tem mais de 2 roubos a ônibus por dia
Por Gabriel Batista e Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
26/05/2006 | 07:22
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De tão freqüentes, os assaltos a ônibus já entraram como despesa fixa na planilha de gastos das empresas do Grande ABC. Só ano passado, Santo André, São Bernardo e Mauá – cidades que possuem os maiores sistemas de transporte público da região – concentraram 711 ocorrências, média de um roubo a cada dois dias. Só em Santo André, as investidas dos criminosos geraram um prejuízo de R$ 100 mil ao setor, segundo balanço da Aesa (Associação das Empresas do Sistema de Transporte de Santo André).

A maioria dos crimes segue o mesmo padrão. Ocorrem à noite, depois do horário de pico, quando o volume de passageiros – e, conseqüentemente, de dinheiro – é maior. Os criminosos costumam anunciar o assalto é próximo aos pontos finais, onde há menos pessoas no ônibus. O alvo sempre é o dinheiro das passagens. Alguns se contentam apenas com as notas miúdas que o cobrador deixa no caixa para o troco. Mas a maioria busca o cofre do coletivo. Quando isso acontece, o prejuízo é grande.

O sistema é conhecido pela polícia, que acompanha por meio do Infocrim, um sistema de informações que concentra dados como local, data e horário de cada crime registrado. De acordo com o coronel da Polícia Militar Renato Aldarvis, comandante do CPA/M-6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitano 6), que responde pelo Grande ABC, cresceu o número de assaltos a ônibus nesse ano. A alta, segundo ele, ocorreu em pontos específicos. Os locais e a quantidade de crimes, no entanto, não foram revelados.

Para coibir a onda de assaltos está em vigor desde o mês passado um esquema diferenciado de policiamento. "Para corredores de grande circulação de ônibus deslocamos policiamento em motos. Os pontos finais das linhas foram incluídos dentro do patrulhamento de rotina que já é realizado", explicou o comandante. O coronel Aldarvis, no entanto, não informou se as ações reduziram o número de roubos a coletivos. "Estamos mostrando a presença policial nesses locais. Isso inibe os assaltantes", disse.

Questionados pelo Diário, administradores do transporte público na região admitem que, de fato, aumentou o policiamento ao longo dos trajetos por onde circulam as linhas mais visadas. "A polícia faz o que é possível, mas isso não é suficiente para combater a prática (dos roubos)", afirmou Luiz Marcondes de Freitas Júnior, gerente-geral da Aesa. Só em Santo André, já foram registrados 50 assaltos nos três primeiros meses desse ano. Se nada for feito, a tendência é de que os casos atinjam a marca de 2005.

Santo André é a cidade que registra maior alta no número de roubos a ônibus. Entre 2004 e 2005, o aumento no número de ocorrências foi de 16%. São Bernardo e Mauá, por sua vez, apresentaram tendência inversa no mesmo período. Em São Bernardo, foram 384 casos em 2004, frente a 228 em 2005 – queda de 68%. Em Mauá, a diminuição de crimes é ainda maior. Passaram de 151 em 2004 para 83 no ano passado. Uma redução de 81%.

Apesar disso, o empresário José Baltazar de Souza, que controla o transporte coletivo em Mauá, garante que o prejuízo causado pelos assaltos no ano passado foi semelhante, "senão maior", que os R$ 100 mil de Santo André. Além da perda financeira, Baltazar disse que os assaltos causam problemas dentro da empresa. Segundo ele, é comum funcionários que trabalham em linhas visadas pedirem para trocar de itinerário.




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