Política Titulo Lentidão
Obra do teleférico de Ribeirão ainda morosa

Em 4 meses, transporte de R$ 25 mi tem progresso lento; moradores contestam necessidade

Por Vitória Rocha
Especial para o Diário
11/01/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Praticamente vazio e cheio de poeira. É o retrato das obras do teleférico em Ribeirão Pires. Avaliada em R$ 25 milhões, sendo R$ 11 milhões do Ministério do Turismo e o restante do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), do governo do Estado, a construção iniciada em setembro é tocada por poucos funcionários, com progresso lento.

A equipe do Diário esteve no canteiro de obras na semana passada e constatou o ritmo moroso de uma das principais promessas de campanha do então candidato à Prefeitura pelo PMDB em 2012, Saulo Benevides. No Mirante Santo Antônio, uma das paradas do teleférico, havia apenas um eletricista, enquanto os outros trechos do projeto estavam parados.

Além da falta de celeridade no andamento da construção, o teleférico e a modelagem da Cidade Encantada – projeto aposta de Saulo para promover o turismo local – encontram resistência da população.

Morador de Ribeirão há 20 anos, o autônomo Sebastião Medeiros, 66 anos – reside em frente ao Parque Milton Marinho de Moraes, onde serão construídas a Cidade Encantada e a primeira estação do teleférico –, não vê com bons olhos a nova intervenção. “Antes era um parque, mas não tinha guarda, saía briga, discussão. Eles vão ter de colocar segurança e construir estacionamento, porque, se não fizerem isso, vão parar na porta da gente”, explicou, mostrando estacas que colocou defronte à sua casa para que os carros não estacionem na calçada.

Até agora houve apenas a demolição do antigo parque e as obras possuem poucos funcionários que os moradores dizem observar no local diariamente. “Eles entram de manhã, por volta de 7h30, e saem às 17h. A Prefeitura (servidores) está sempre aí, mas vai vistoriar o quê?”, reclamou Medeiros.

A dona de casa Virginia dos Santos, 65, moradora do Morro São José, ouviu dizer que o teleférico iria passar ali, apesar de não acreditar que a obra promova mudança efetiva na vida da população. “Para nós, não mudaria nada, só conseguiríamos ver tudo do alto. Eles (governo) deveriam investir esse dinheiro em outro lugar, talvez para arrumar o cemitério.”

O teleférico, que irá do Parque Milton Marinho de Moraes, onde será a Cidade Encantada, ao Complexo Ayrton Senna, onde anualmente ocorre o Festival do Chocolate, passando pelo Mirante Santo Antônio, está sendo construído em três fases – civil, equipamentos e parque. Segundo o Paço, a parte civil, na qual foram investidos mais de R$ 8 milhões da verba de R$ 25 milhões, já foi construída e agora a obra encontra-se na segunda etapa, a de equipamentos, cuja responsável é a empresa suíça Rowena AG.

Secretário de Obras de Ribeirão, José Carlos Agnello negou que as obras estejam paradas. “Estão a todo vapor. Lá (o Parque Milton Marinho Moraes) não tem nada a ver com o teleférico, é um parque temático, só vai ter uma estação”, ponderou. Agnello afirmou que o parque Cidade Encantada será entregue até julho e o teleférico, em 18 meses. “Está tudo normal.”  




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