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Atendimento médico a paciente com câncer cai 23% em dois anos
Adriana Gomes
Do Diário do Grande ABC
26/06/2005 | 07:20
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Pacientes de câncer no Grande ABC que dependem do serviço público têm precisado de sorte e paciência para conseguir atendimento na região. Uma tendência de exportação crescente de portadores da doença para São Paulo é observada nos últimos anos, em especial entre 2002 e 2004. Para se ter uma idéia, caiu 23% o número total de pacientes atendidos na região nesse período - de 2.306 (ano de 2002) para 1.781 (ano de 2004). De acordo com o médico Homero Nepomuceno Duarte, presidente da Fundação ABC e responsável pelo estudo (baseado em dados do Sistema de Informações do Ministério da Saúde), as razões principais para a retração são falta de verbas e, principalmente, inexistência de um plano regional de atenção integral ao paciente oncológico.

Parte desse universo de pacientes tem enfrentado a penosa tarefa de se deslocar para São Paulo, driblando problemas como falta de recursos para locomoção até a capital. Há ainda o problema da desmotivação. Intervenções como a quimioterapia debilitam sobremaneira o paciente, fato que por si só desaconselha o deslocamento desconfortável (em veículos do transporte público) e por longas distâncias. Assim, o tratamento em hospitais da capital pode significar para o paciente do Grande ABC dificuldades sérias no processo de recuperação.

"As crianças são as mais prejudicadas porque o Instituto de Oncologia (da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André) é o único local especializado em menores na região. Os hospitais Mário Covas (em Santo André) e Anchieta (em São Bernardo) são as referências na região para adultos", explica Nepomuceno Duarte. A Prefeitura de São Bernardo informa que também o HMU (Hospital Municipal Universitário) realiza alguns procedimentos oncológicos.

Os números específicos relativos ao atendimento prestado a menores de 14 anos com câncer explicam por si só a preocupação do presidente da Fundação ABC. Em 2002, foram registrados 120 procedimentos relativos a esse universo no Grande ABC; em 2004, esse número caiu para 74. Enquanto isso, em São Paulo, foram registrados em 2002 total de 196 procedimentos destinados a crianças que migraram do Grande ABC; neste ano, esse número subiu para 374. Ou seja, enquanto a região atende cada vez menos, São Paulo absorve cada vez mais demanda do Grande ABC. Tais números têm como base aquele que é considerado o termômetro do conjunto de atendimentos prestados ao paciente oncológico - o procedimento de quimioterapia.

A tabela dos custos com os tratamentos também embasam a conclusão do médico da Fundação ABC: enquanto o Grande ABC gasta cerca de R$ 1,8 milhão com as sessões de quimioterapia para os pacientes da região, São Paulo gasta nada menos que R$ 3 milhões com os portadores de câncer exportados pelas sete cidades.




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