Economia Titulo Setor automotivo
Toyota anuncia mudança da sede da região para Sorocaba

Montadora concentrava as operações administrativas na fábrica de S.Bernardo, no Planalto, desde 2015; produção continua na cidade

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
19/09/2020 | 00:05
Compartilhar notícia
André Henriques/DGABC


A Toyota anunciou a mudança da sede administrativa de São Bernardo para Sorocaba, no Interior de São Paulo. O processo será iniciado em janeiro de 2021 e deverá ser concluído até o meio do ano que vem. A empresa justifica a alteração como parte de planejamento para torná-la mais enxuta e competitiva, o que foi acelerado pela pandemia, mas garante que a fábrica do Grande ABC continua produzindo normalmente.

Hoje, a sede está localizada na unidade do bairro Planalto, para onde se mudou vindo da capital paulista em 2015. De acordo com a Toyota, a mudança faz parte de restruturação do negócio e é uma maneira de tornar a montadora mais enxuta e competitiva. A pandemia acelerou essa decisão, que é importante para a manutenção da empresa também no longo prazo e é mais um desdobramento de movimentos na cultura da companhia que vai ao encontro da simplificação de processos. Com aproximadamente 2.000 colaboradores, a fábrica de Sorocaba, que também vai passar a abrigar a sede administrativa, é responsável pela fabricação do Etios e Yaris e é a mais moderna, inaugurada em 2012.

Atualmente, a fábrica de São Bernardo produz componentes que abastecem a planta de Porto Feliz, também no Interior, além de ser fabricante dos motores do Etios, Yaris e Corolla e exportar peças para os Estados Unidos, para montagem do Camry. Na unidade, que é a mais antiga da Toyota no Brasil, fundada em 1962, há cerca de 1.700 trabalhadores. A empresa garantiu que não há planos para a extinção da produção na cidade.

O setor automotivo passa por uma forte retração por causa da crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. Os dados mais recentes da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e que incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, mostram que o volume fabricado de janeiro a agosto, de 1,110 milhão de unidades, despencou 44,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram confeccionados 2,011 milhões de exemplares. A Toyota ficou com a produção suspensa por três meses.

A Toyota também anunciou que vai abrir PDV (Programa de Demissão Voluntária) para 300 funcionários do administrativo de todo o País. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que a empresa comunicou a medida ontem e que as negociações devem ter início nos próximos dias. Ainda não há número definido de funcionários a serem atingidos e o chão de fábrica não será afetado.

Para o coordenador de MBA em gestão estratégica de empresas da cadeia automotiva da FGV, Antonio Jorge Martins, a decisão da Toyota vai ao encontro dessa nova realidade do segmento. “Ainda temos um grande mercado com potencial de crescimento na América Latina, e as empresas precisam aumentar a lucratividade e o grau de competitividade na nova realidade”, assinalou. O especialista afirmou que, apesar de a produção continuar na região, São Bernardo “perde força” como polo automotivo.

Com a decisão, o Grande ABC reduz para quatro o número de sedes de montadoras – Volkswagen, Mercedes-Benz, Scania, em São Bernardo, e General Motors, em São Caetano. Em outubro do ano passado, a cidade perdeu a fábrica da Ford, no bairro Taboão, que após 52 anos encerrou as atividades na cidade com o fim da produção de caminhões no País. E São Bernardo sofre mais uma baixa na arrecadação de impostos, pois em janeiro a Mangels, autopeça de capital aberto, confirmou a mudança da sede para Três Corações, em Minas Gerais, também após 52 anos.

Questionada sobre o assunto, a Prefeitura de São Bernardo informou que não foi procurada pela Toyota e desconhece a informação. Porém, irá procurar a empresa na segunda-feira.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;