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Cardápio exótico
Por Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
02/09/2010 | 07:05
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A culinária paraense é caracterizada por sabores, aromas e aparências exóticos, resultado da imensa variedade de ervas extraídas da Amazônia e frutas só encontradas no Norte do País. Pratos que misturam a cultura lusitana com a influência dos temperos indígenas dão origem a especialidades como o tacacá, a maniçoba e o tradicional pato no tucupi, que estrela nas mesas para o almoço do domingo de Círio com a mesma pompa de um peru no Natal.

Reza a cartilha das boas maneiras que quem se hospeda na casa de parentes para participar do Círio de Nazaré deve, ao menos, se incumbir de "pagar o pato", que na receita leva um molho amarelo, de gosto amargo, feito do suco da mandioca ralada e folhas de jambu, verdura que causa leve dormência na língua.

Plantinha rasteira, considerada medicinal, afrodisíaca e recentemente patenteada pelo Japão para ser utilizada na fabricação de anestésicos, o jambu também integra outro pratos típicos. Entre eles, o tacacá, espécie de sopa feita com goma de mandioca, tucupi, camarão seco e pimenta-de-cheiro, encontrada em toda esquina de Belém.

Para tomar o preparado, outra regra de etiqueta pra lá de tribal: esqueça os talheres e meta a boca na tigela. É assim que pede a tradição indígena. Antes de arriscar fazer a receita em casa, no entanto, é bom ficar atento às formalidades: tanto no tacacá quanto no ensopado de pato, o suco do tucupi deve ser fervido horas a fio para perder o veneno.

Já a maniçoba - espécie de feijoada paraense que leva folha de mandioca no lugar de feijão -, é ainda mais radical: depois de moída, a folha da maniva (mandioca) deve ser fervida por nada menos que seis dias para perder de vez o veneno. Só depois deste lento processo é que são acrescentadas as demais iguarias suínas, como charque, bucho, toucinho, chouriço, mocotó, linguiça, paio, orelhas e pés de porco, ao gosto do cozinheiro. Para acompanhar, arroz e farinha d'água.

PEIXES E BÚFALOS
Quem prefere ingredientes menos pesados também pode recorrer à infinidade de peixes de água doce próprios dos rios amazônicos. Entre eles, tamuatã, filhote, pardo, tucunaré e tambaqui. Já na ilha de Marajó, o destaque fica por conta da manteiga, do queijo e da carne de búfalo, que rende pratos como o filé marajoara (bife do animal coberto com queijo de búfala derretido) e o frito do vaqueiro, originalmente criado para conservar a carne que serviria de alimento aos vaqueiros durante jornadas em locais isolados da ilha.

Neste caso, os cortes fritos do búfalo, como fraldinha e minguinha, não costumam levar temperos fortes, a fim de que os cubos de carne com farinha possam ser consumidos no café da manhã. Mas lembre-se de reservar um espaço no estômago também para a sobremesa. Afinal, dificilmente você encontrará geleias de açaí, bombons de cupuaçu, sorvetes de taperebá ou cremes de bacuri à disposição nos supermercados de São Paulo.

Nomes como uxi, graviola, buriti, tucumã, pupunha, sapoti, abricó, mangaba, muruci, araçá e marinamba completam o exótico cardápio de frutas regionais, para se esbaldar de comer e ‘ver o peso' depois.




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