Política Titulo São Bernardo
Ritmo lento põe em xeque entrega de museu até dia 31 de dezembro

Prefeito eleito de S.Bernardo, Morando quer modificar projeto se não for concluído até o fim do ano; Marinho cita vinculação do contrato

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
15/11/2016 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


O destino do Museu do Trabalho e Trabalhador, projeto milionário idealizado pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), no Centro da cidade, será definido nos próximos 45 dias. A conclusão e a entrega do canteiro estão em xeque, dependendo exclusivamente do ritmo dos serviços, que seguem a passos lentos depois de serem retomados em maio – o empreendimento era para ter sido entregue em 2013 e ficou abandonado por dois anos.

O prefeito eleito, Orlando Morando (PSDB), afirma que se a obra não for concluída até o fim do governo Marinho vai pedir modificação para implementação de unidade da Fábrica de Cultura, programa do governo do Estado.

Na semana passada, a equipe do Diário voltou ao local, situado próximo ao Paço, e flagrou que o museu ainda está longe de ser finalizado. Era aproximadamente 15h30 e em torno de aproximadamente 15 homens trabalhavam no momento. O piso é ainda de terra no pátio do canteiro e no interior do complexo não foi iniciada a etapa de acabamento.

Um dos trabalhadores da Construções e Incorporações CEI, responsável pela execução dos serviços, disse que o desafio é justamente concluir até o fim de ano, mas ele evitou cravar prognóstico. “Não depende somente do nosso trabalho. Tem também a questão das chuvas, que ocorrem neste período, e outras situações. Estamos correndo para terminar”, contou o colaborador, citando que em torno de 40 homens dão expediente entre 7h às 17h, de segunda-feira a sexta-feira.

Orçado originalmente em R$ 18 milhões, o museu vai consumir R$ 21,6 milhões. A construção foi iniciada em 2012 e foi um dos motes da campanha que reelegeu Marinho naquele ano. O objetivo é enaltecer a trajetória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), padrinho político de Marinho. Em novembro de 2014, as intervenções foram interrompidas e o complexo se tornou ponto de usuários de drogas e área de procriação do mosquito Aedes aegypti. Somente em maio deste ano os serviços foram retomados.

Prestes a deixar a Prefeitura, Marinho afirmou não acreditar que seja possível modificar o projeto, mesmo se o museu não for entregue. “Não acredito que mudará (o projeto para Museu do Trabalho) porque o convênio vincula. O que ele (Orlando Morando) falou foi uma grande bobagem. A não ser que você refaça o convênio com o Ministério da Cultura, porque o recurso é carimbado para museu”. No mês passado, Marinho enviou para Câmara projeto de lei que institui oficialmente o empreendimento. A matéria, porém, não teve evolução dentro da Câmara. “Eu aprendi a respeitar o tempo do Legislativo. Vai ser aprovado”, projetou Marinho.

Morando afirmou que não se intimida com as dificuldades para mudar o objeto do prédio, destacando que vai acionar o ministro da Cultura, Marcelo Calero, para debater o tema. “Não entendo a necessidade de um museu nesses moldes. As obras não foram finalizadas e não há equipamento. Vamos levar ao ministro um novo projeto para que o espaço receba a unidade da Fábrica de Cultura”, discorreu Morando.

Obra é investigada pela Justiça e recebe críticas de munícipes

Ao longo de quatro anos, o projeto do Museu do Trabalho e do Trabalho se tornou um dos marcos do governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), sendo alvo da Justiça e de reclamações de munícipes. O MPF (Ministério Público Federal), por exemplo, investiga denúncias sobre o museu.
O episódio mais graves foi revelado com exclusividade pelo Diário em 2013. Na ocasião, foi publicado que o proprietário da Construções e Incorporações CEI, Elvio José Marussi, tinha como sócio um eletricista desempregado morador de Diadema. O suposto laranja foi retirado do quadro societário depois que o caso foi revelado. Ele tinha R$ 10,4 milhões em cotas da empresa sem ter conhecimento. A construtora nega irregularidades do caso.

Entre os moradores e comerciantes das proximidades da obra, o clima é de incerteza e questionamento. Gerente da loja Doces e Festas, Mônica Maria da Silva, 35 anos, vê com desconfiança o andamento da obra. “Acho uma perda de tempo esse museu. Existem outras prioridades, que seriam bem mais importantes para a cidade. Ficou um bom tempo abandonado e agora parece que vai terminar. Não sei, só aguardando e torcendo por outra coisa”, disse.

Vendedor ambulante de sorvete e açaí há quatro anos nos arredores do canteiro, Ricardo Barbosa, 25 anos, também é crítico ao comentar sobre o projeto. “Tenho visto a volta dos trabalhos. Não sei se vão terminar, mas torço por outra coisa. A área é muito boa e acho muito desperdício gastar tempo e dinheiro para construir um museu. Se tivessem reformado o mercadão agradariam mais”, disse o vendedor citando o Mercado Municipal, que funcionava no local. 




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