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Chuva de ‘ministros’ pára e o Grande ABC recorre ao governador
Por Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
06/11/2005 | 08:15
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Acabou a ‘chuva’ de ministros que caiu sobre o Grande ABC no primeiro e no segundo ano do governo Lula, quando o PT contava com cinco dos sete prefeitos e seus auxiliares se esforçavam para incluir as demandas regionais na pauta do Palácio do Planalto. Em 2003, a súbita atenção de Brasília compensou os prefeitos, que sofriam há anos com o desprezo do governo FHC e com a dificuldade de diálogo com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Passaram pela região, em visitas de trabalho, isolados do presidente, os então ministros José Dirceu (Casa Civil), Olívio Dutra (Cidades), Humberto Costa (Saúde) e Dilma Roussef (Minas e Energia). Hoje em dia, apenas o ministro do Trabalho, Luis Marinho, aparece por aqui. Mas porque mora no Grande ABC.

A partir das eleições de 2004, a lógica aparentemente se inverteu. Embora tenha ficado fora de Santo André e Diadema, o governo Alckmin ganhou cinco aliados entre os sete prefeitos, incluindo Diniz Lopes (PL), que assumiu interinamente o governo de Mauá. Em 2005, o prefeito de São Bernardo William Dib (PSB) conquistou a presidência do Consórcio Intermunicipal e emplacou o aliado Fernando Longo na Secretaria Estadual de Turismo. A última reunião “de trabalho” com o governador rendeu promessas que deixaram felizes até mesmo os prefeitos petistas.

Agora que tem a atenção inédita do governo estadual, a região deixou de ser ponto obrigatório de passagem de autoridades federais. Por conta disso, os prefeitos tentaram agendar reuniões específicas para tratar de assuntos coletivos na Esplanada. Foi assim quando tiveram de falar com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, a respeito da liberação de recursos para o Rodoanel. Será assim na próxima semana, quando deverão procurar o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, em Brasília, para pedir empenho do governo na agilização da Cofiex (Comissão de Financiamento Externo) quanto à obtenção de empréstimos internacionais para projetos regionais.

Para o assessor da presidência do Consórcio Intermunicipal, Renato Maués, autodefinido como técnico apartidário, o movimento é natural e não significa que o Grande ABC tenha saído da agenda. “O Consórcio tem de ser político, mas, antes de tudo, suprapartidário”, afirma ele. Maués avalia que há, no entanto, má vontade do governo Lula apenas quando se trata do licenciamento ambiental do trecho Sul do Rodoanel, emperrado no Ibama.

No balanço geral, o governo Lula produziu mais notícias de interesse do Grande ABC em 30 meses do que o governo FHC conseguiu em oito anos. Mas a chamada Carta do ABC, entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março de 2003, ainda tem quase todos os pontos sem solução. Com o desconto para o fato de que boa parte é altamente complexa, como por exemplo, a criação de um sistema regional de segurança pública – segunda maior preocupação dos moradores do Grande ABC, depois do emprego. Ainda está fora de foco a concessão de autonomia legal e institucional dos consórcios públicos, embora o governo tenha aprovado lei a respeito do assunto. E falta pelo menos o início da construção do Rodoanel e do Ferroanel.

Embora acene com simpatia, o governo do pré-candidato à presidência Geraldo Alckmin ainda deve aos prefeitos o início das obras do Rodoanel e um elenco de pequenas ações que juntas somariam pelo menos R$ 46 milhões.



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