Ilustrada por 101 textos, obra de docente da USCS tem apresentação virtual marcada para hoje
Com sete livros publicados e participação em diversas antologias, o professor Joaquim Celso Freire Silva, docente da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), apresenta uma nova obra. Intitulado Coisas e Não Coisas, o livro ganha vida ilustrado por 101 poemas, a maioria escritas durante a pandemia, e que podem ser degustados ao longo de sete capítulos temáticos. A publicação ganha vida nos formatos físico e digital (Alpharrabio Edições/Loope Editora, 124 páginas, R$ 23,90 e R$ 10,90, respectivamente). O lançamento, virtual, é hoje, a partir das 20h, no www.youtube.com/watch?v=ttEmAuYA9QU.
Inquietações políticas, relações humanas e natureza são algumas das inspirações para a obra. Pensamentos certeiros dão vida a poemas como Manifesto Tamanduateí, um dos mais emocionantes da obra, e no qual o autor aproveita para tecer dura, porém necessária, crítica à situação de abandono do rio de mesmo nome que corta boa parte do Grande ABC.
A veia crítica do escritor não para por aí. Fazedor de Lambanças, por exemplo, parece ser inspirada no presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). “De certa forma estamos sob a égide de um governo ‘lambacionista’, que vai do presidente ao agrupamento de ‘especialistas’ que carregam muitas das pastas: visões de goiabeiras, desarticulações das relações exteriores, deseducação, exterminação de meio ambiente, inauguração de bicas e por aí afora! Nosso País está à deriva. Não há um projeto de Nação em discussão, não há um plano de governo que aponte alguma coisa que não seja destruição. As organizações impotentes e a sociedade cível desorganizada. Essa é a tristeza que me aflige. Mas vamos sair dessa, que não nos faltem esperança e coragem.”
O poema Botox, por exemplo, promove reflexão sobre a necessidade de consumo. O autor explica que, com os avanços nas tecnologias das coisas e das comunicações, tudo se tornou muito acessível e descartável. “Acessível em termos, descartável sempre. Haja dinheiro (e trabalho) para ter tudo que se quer e que se entende necessário. Vivemos sob forte pressão de ter. Ter o último smartphone, o último tênis, o último disfarça rugas etc. Dedicamos muito tempo a essas coisas de aparência e a vida de relações, com o outro, esvai-se, como líquido, pelos vãos dos dedos.”
Para o escritor, a poesia, assim como a literatura de maneira geral e outras linguagens artísticas, “devem assumir papel de crítica política e social aos desmandos do seu tempo. A poesia, no meu modo de ver, não deve ser só poesia. Cabe-lhe, também, entrincheirar-se e/ou sinalizar horizontes”.
O evento de lançamento virtual hoje contará com cinco convidados especiais, o poeta paraense Celso de Alencar; a escritora Dalila Teles Veras, responsável pela Alpharrabio Livraria; Neilton Lima, sócio-fundador da Loope Editora; Patrícia Giseli, poetisa/performer, doutoranda em história social; além dos filhos do autor, Luísa (designer e ilustradora de moda) e Thiago Freire (professor, músico, ator e gestor de cultura e lazer do Sesc- SP).
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