Política Titulo S.Bernardo
Moradores fazem abaixo-assinado para travar mercado em área verde

Petição busca impedir construção de unidade do Grupo Bem Barato na região central de S.Bernardo

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
23/06/2020 | 00:01
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Moradores dos condomínios ao redor da área verde da região central de São Bernardo que está em fase de desmatamento para abrigar um supermercado mobilizam abaixo-assinado virtual para reverter a construção do estabelecimento comercial.

A petição (https://bityli.com/KDK66), sugerida por Roberto Navas Pinheiro, atingiu 5.150 assinaturas até o fechamento desta edição. A ideia é coletar 7.500 adesões para que o documento seja levado à Prefeitura e à Câmara.

“Você sabia que ao lado do Shopping Metrópole em São Bernardo há uma última área verde preservada após a saída de uma indústria e a chegada de empreendimentos imobiliários? Participe deste abaixo-assinado e vamos cobrar da Prefeitura e Câmara a instalação de um parque no local. Isto já foi votado no Orçamento Participativo em 2014 ou 2015 por cerca de 350 moradores da região central, mas a administração pública não deu atenção à população até hoje”, diz o texto da petição on-line.

A área verde possui cerca de 10 mil metros quadrados e fica na esquina da Rua Doutor Marcel Preotesco com a Avenida Pereira Barreto. O Grupo Bem Barato arrendou o terreno – que no passado pertenceu à antiga Fiação e Tecelagem Tognato e estava em posse da Prefeitura como forma de abatimento de dívidas tributárias – no ano passado, por R$ 42,1 milhões. As obras começaram no início da semana passada.

Em dezembro, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), inaugurou o Parque das Bicicletas com o nome de Giacinto Tognato, proprietário da antiga detentora dos terrenos. Segundo a Prefeitura, o espaço tem 20 mil metros quadrados e abarca apenas parte de toda a área que era de posse da companhia.

Os moradores temem também que haja a venda dos dois terrenos remanescentes do local, que já foram postos a leilão no ano passado, mas não atraíram compradores. O governo Morando já informou que deu encaminhamento burocrático para reavaliação dos valores para tentar negociar as áreas.

No domingo, ao Diário, Silvio Paschoalino, um dos líderes do grupo de munícipes que querem ver a obra paralisada, reclamou da obra. “A região está bastante saturada de edifícios comerciais e residenciais. O trânsito é quase que caótico nos horários de rush. É a única área verde que restou no pedaço da região central.”

A reclamação, além da supressão da vegetação em uma área adensada de condomínios residenciais e comerciais, também recai na relação comercial de Morando com o Grupo Bem Barato. O prefeito foi vice-presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados) e sua família é dona de rede de supermercados na cidade. O governo já refutou a relação entre as atividades empresariais de Morando com a venda do terreno a um grupo supermercadista. 

Demarchi efetiva representação contra negociação da área da Tognato

O vereador Rafael Demarchi, pré-candidato do PSL à Prefeitura de São Bernardo, efetivou ontem representação ao MPF (Ministério Público Federal) pedindo apuração sobre a negociação do terreno da antiga Fiação e Tecelagem Tognato, na área central da cidade, para o Grupo Bem Barato.

No documento, Demarchi cita a lei que reduziu temporariamente o ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) justamente no período em que houve o leilão do terreno – o espaço foi transferido para o patrimônio da Prefeitura nos anos 2000 como forma de abater dívida tributária da empresa, desativada no mesmo período. À época, o governo Orlando Morando (PSDB) cortou de 2,5% para 1,5% a alíquota – a gestão nega que tal medida tenha beneficiado o Grupo Bem Barato.

O parlamentar também reclamou da compensação ambiental. A rede supermercadista se comprometeu a replantar 187 mudas como contrapartida ao corte dos eucaliptos presentes no espaço. Citando o decreto número 20.366, de abril de 2018, Rafael estimou que seria necessário plantar 1.248 mudas, sendo que essas 187 precisam, necessariamente, figurar no terreno onde será erguido o mercado.

Outro questionamento é a falta de apreciação por parte do Conselho Municipal de Meio Ambiente de São Bernardo. Na visão do vereador, tal medida feriu o direito à transparência na transação de uma área pública. “Diante do exposto, e de tudo o mais o que dos presentes autos consta, requer que Vossa Senhoria proceda a devida instauração de Inquérito para apuração dos fatos aqui narrados.”




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