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Estado e municípios divergem de números sobre a Covid-19

Diferença de dados dos infectados com o coronavírus chega a 66% em Mauá e, nas mortes, em 31% em Ribeirão e Diadema

Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
19/06/2020 | 00:04
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Pixabay


Três meses após os primeiros três casos do novo coronavírus registrados no Grande ABC – um casal de São Bernardo e uma moradora de São Caetano –, dia 15 de março, os sistemas de dados das prefeituras, do governo do Estado e do Ministérios da Saúde ainda divergem radicalmente no que diz respeito aos números de casos e mortes pela doença. No geral, a diferença entre os dados informados pelas administrações municipais e pela Secretaria de Estado da Saúde na quarta-feira (veja as informações atualizadas abaixo) era de 10,3% entre os infectados e de 3,2 nos óbitos (veja tabela ao lado).

Em algumas cidades os números chamam atenção. Em Mauá, por exemplo, a Prefeitura informava, na quarta-feira, que havia 570 munícipes infectados pelo novo coronavírus, enquanto que o Estado computava 1.720 contaminados, diferença de 1.150 casos, ou 66,9%. Em São Bernardo a situação é semelhante. Eram 3.560 diagnósticos positivos, de acordo com o boletim da administração municipal, e 4.902 para a Secretaria Estadual, variação de 27,4%, ou 1.342 casos.

Curioso é que o contrário também acontece. São Caetano, por exemplo, informou em seus boletins que existiam na cidade 1.626 infectados na quarta-feira, número 41,4% maior do que os 1.150 que o governo do Estado acusava na mesma data. Santo André divulgou que tinha 4.728 moradores contaminados, mas o Estado computava 4.131, ou seja, 597 casos a mais (14,5%).

Entre os mortos, as principais diferenças foram relatadas em Diadema e Ribeirão Pires. O Paço diademense informava 180 perdas na quarta-feira, contra 137 da secretaria estadual, diferença de 31,4%. Em Ribeirão, a Prefeitura divulgou 29 mortes, mas o Estado registrava 22.

A prefeituras e o governo do Estado justificam as diferenças com base na forma como os dados são informados nos sistemas. Quando o munícipe é atendido, diagnosticado e/ou morre em outra cidade, o dado é enviado para plataforma do Ministério da Saúde, que repassa para a Secretaria de Estado da Saúde que, posteriormente, envia a informação para o distrito no qual o paciente reside. Este processo burocrático pode demorar até três dias para ser concluído.

A Prefeitura de Santo André revela que já foram feitas modificações no sistema para diminuir o delay da informação e que os dados serão sincronizados. “O sistema consolidador das notificações de Covid-19 disponibilizado pelo Ministério da Saúde já foi alterado várias vezes devido ao excesso de informações, notificações e acessos. Para a investigação epidemiológica, os municípios têm a informação mais rápida, portanto, podem ocorrer descompassos momentâneos e divergências nos números informados. Ao longo do tempo os dados se equalizam entre União, Estado e município”, explica, em nota.

São Bernardo diz que não está recebendo notificações de munícipes atendidos em outras regiões. “Casos de pacientes residentes em São Bernardo confirmados em outras cidades também são registrados nos sistemas, porém, não são notificados para a vigilância municipal”, revela.
Mauá justifica a variação pelo atendimento de munícipes nos hospitais particulares. “Os moradores de Mauá que possuem convênio e que, eventualmente, buscam atendimento na rede privada, podem ser a diferença”, argumentou o Paço.

São Caetano ressalta que os dados de laboratórios não habilitados pelo Estado não são computados, o que gera diferença. “Computamos os dados dos (testes) PCR do (programa) Disk Coronavírus desde o início e o laboratório ainda não era habilitado”, explica.
O governo do Estado ressalta que a demora se deve à informação de moradores de outra cidade. “Os dados de casos e óbitos por cidade, divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde, consideram o município de residência do paciente, conforme cadastro feito nesse sistema.”

Grande ABC registra 24 óbitos nas últimas 24 horas

Todas as cidades do Grande ABC registraram mortes causadas pela Covid-19, ontem. Foram 24 baixas no total, o que elevou o total acumulado da região para 915. O maior número de perdas foi computado por São Bernardo, que com mais sete registros chegou a 287 baixas. Santo André, com seis, tem 220 pessoas que perderam a luta para o novo coronavírus. Diadema documentou cinco mortes (185 no total), São Caetano duas (72), Ribeirão Pires duas (31), Mauá uma (109) e Rio Grande da Serra uma (11).

Em relação ao número de casos, também houve crescimento significativo nas sete cidades, com 392 novos casos em apenas 24 horas – passou de 13.006 na quarta-feira para 13.398 ontem. Santo André é a cidade com mais casos, com 4.749, seguida de São Bernardo (3.751), Diadema (2.275) São Caetano (1.662) Mauá (575), Ribeirão Pires (275) e Rio Grande da Serra (111).

Em contrapartida, já são 4.461 os pacientes curados nos hospitais da região. Com 1.801 altas médicas em Santo André, 1.208 em São Caetano, 755 em São Bernardo, 243 em Diadema, 230 em Mauá, 150 em Ribeirão Pires e 74 em Rio Grande da Serra.
Já o Estado registrou 325 óbitos nas últimas 24 horas, aumento de 2,82%. O secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann, informou que no total já são 11.846 vítimas da pandemia.

Germann afirmou que o Estado tem tido problemas, que persistem desde quarta-feira, com a contagem de casos confirmados pela plataforma e-SUS, o sistema nacional que faz o levantamento ambulatorial dos casos mais amenos da doença lançados no sistema. Ele informou que a secretaria acionou o Ministério da Saúde para saber a origem do problema e como isto está sendo tratado em outros Estados que fazem o mesmo tipo de apontamento. Ontem, o total de casos paulistas era 192.628.

“Esperamos que seja uma instabilidade do sistema porque dependemos muito desses números não só para a questão da informação ao público, que é fundamental, mas também para o uso dos dados nacionais para os nossos planos”, afirmou Germann.

O Brasil teve 1.238 novas mortes registradas nas últimas 24 horas, de acordo com atualização do Ministério da Saúde. Com isso, o País chegou a 47.748 falecimentos em razão do novo coronavírus.

O balanço da pasta contabilizou também 22.765 novos casos da doença, totalizando 978.142. (com Agências)
 




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