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Autopeças criam nova entidade para buscar sinergia no Mercosul
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/10/2004 | 13:18
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O Sindipeças (Sindicato Nacional das Indústrias de Peças e Componentes Automotores) e entidades que representam o setor de autopeças da Argentina, Uruguai e Paraguai assinaram nesta sexta a ata de criação do Mercoparts (Conselho de Fabricantes de Autopeças do Mercosul), em evento realizado no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.

O Mercoparts, que será presidido nos primeiros dois anos pelo presidente do Sindipeças, Paulo Roberto Rodrigues Butori, tem o objetivo de promover os interesses gerais desse setor industrial do Mercosul, estimular a aproximação entre fabricantes dos quatro países, fornecer sugestões aos governos para melhorar a competitividade das indústrias, entre outros pontos.

A idéia, segundo Butori, é propor uma política industrial para todo o bloco, na qual se poderia levar em conta as vantagens comparativas e tamanhos dos mercados no apoio ao segmento dos quatro países. Ele cita que o Brasil possui vantagens na área metalúrgica, que poderia ser alvo de estímulo, e o Paraguai – que oferece incentivos fiscais a eletroeletrônicos – poderia ter um centro de eletrônica embarcada. Seria uma forma de concentrar os investimentos, “que estão escassos”, na sua avaliação. O presidente da Afac (Associação das Fábricas Argentinas de Componentes), Rodolfo Achille, tem avaliação semelhante. “Pode se buscar complementar as atividades de fábricas de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai”, disse.

Presente ao evento, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou que a criação do Mercoparts é estratégica para ampliar a competitividade da indústria do Mercosul. Ele disse que vê com preocupação os investimentos no setor de autopeças em função de alguns segmentos já estarem com a capacidade tomada.

A indústria nacional de autopeças investiu US$ 260 milhões em 2002, atingiu US$ 500 milhões em 2003 e, em 2004, deve injetar US$ 600 milhões, distantes do investimento de 1997, de US$ 1,8 bilhão. Furlan acrescentou que, na mescla de pouco recurso e fábricas no limite, pode se buscar alternativas nos países do bloco: “A Argentina tem capacidade ociosa”.

Mas a solução não passa só pelos outros países. Butori acrescentou que o sindicato está em conversação com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para buscar linhas de financiamento. Ele cita que segmentos, como forjaria, fundição e borracha estão próximos do teto da capacidade de produção e necessitariam de mais investimentos para atender a indústria automotiva que, segundo ele, deverá chegar a 2,35 milhões de veículos produzidos em 2005. Em 2004, deverão ser 2,1 milhões de unidades.

O futuro do segmento parece problemático no Grande ABC. Em entrevista recente à revista Livre Mercado, Butori afirmou que novos investimentos estão migrando para outras localidades e que é preciso diagnóstico, estratégia, tática e ação que dêem sustentação a posições de longo prazo, para que se promovam novos tempos no Grande ABC.




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