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Atropelador deve ser transferido nesta terça
Evandro De Marco
Do Diário do Grande ABC
14/09/2010 | 07:07
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O vendedor Valter Francisco Camello Junior, 25 anos, acusado de atropelar e matar três pessoas na noite de sábado durante acidente na Rodovia Índio Tibiriçá, em São Bernardo, continua detido no 3º DP (Distrito Policial), no Bairro Assunção, mas deverá seguir hoje para a Cadeia Pública de São Caetano.

A preocupação da polícia é com a segurança do vendedor dentro da carceragem. Por isso, ele permanece isolado dos demais detentos. "É um caso de grande repercussão e nós temos de prevenir. Na Cadeia de São Caetano ficam presos com nível superior e envolvidos em crimes de menor potencial ofensivo, como pagamento de pensão," ressalta o delegado titular do 3º DP, Kazuyoshi Kawamoto.

RIBEIRÃO PRETO
Segundo a polícia, Junior seguia para a cidade de Ribeirão Preto, norte do Estado - 340 quilômetros de São Bernardo - quando se envolveu no acidente que terminou com o atropelamento e morte de Vera Lucia Panta Ariosa, 52, a filha Ana Paula, 27, e a amiga Thalita Barroso Ramos, 23. "Pelo que ele bebeu, não tinha a menor condição de dirigir até lá", avalia o delegado.

Na ocasião, o vendedor - que dirigia uma picape GM Montana, preta - disse ter bebido quatro cervejas em um churrasco de aniversário. Quando passava no cruzamento das rodovias Índio Tibiriçá e Caminho do Mar, bateu na traseira de um Polo que foi arremessado de encontro a um carro usado para vender lanches estacionado do outro lado da pista. A picape de Junior derrapou em direção ao acostamento e atropelou as vítimas que seguiam para o Estância Alto da Serra onde aconteceria o show da dupla sertaneja Jorge & Mateus. "Ainda bem que o Polo não atingiu ninguém. Muito mais gente poderia ter morrido já que o local do acidente estava com grande concentração de pessoas", afirma Kawamoto.


Passatempo do acusado de atropelar mulheres é a leitura
Desde a madrugada de domingo, o vendedor Valter Francisco Camello Junior, 25 anos, recebeu apenas a visita de um parente e do advogado contratado para defendê-lo da acusação de homicídio com dolo eventual. "Ele não quis matar as pessoas, mas assumiu o risco quando dirigia em alta velocidade e embriagado", explica o delegado Kazuyoshi Kawamoto.

Após o acidente, o rapaz formado em Administração de Empresas, afirmava não se lembrar de detalhes do ocorrido. Quando voltou a si, já na delegacia, Junior se desesperou. Porém, ontem parecia mais calmo. Deitado no chão da cela, seu principal passatempo era a leitura e um dos livros que tem à disposição na cela é Os Fantoches de Deuses, de Morris West, mesmo autor de O Advogado do Diabo.

 

Obras que terminam em dezembro diminuirão acidentes
O governo do Estado promete até o fim do ano concluir as obras de revitalização da Rodovia Índio Tibiriçá (SP-31). O investimento é de R$ 76,4 milhões.

Entre as intervenções, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), da secretaria dos Transportes, informou que irá recuperar 37,2 quilômetros da via.

O trecho compreendido entre os quilômetros 33,1 e 70,3 terá pistas e acostamento recapeados. Nas áreas urbanas, o plano é segregar a pista com um canteiro central e a instalação de pontos para a travessia de pedestres.

Obras como essas, podem diminuir o risco de acidentes, pois impedem que os motoristas avancem sobre a faixa contrária para realizar ultrapassagens.

Em outros segmentos, ainda segundo o DER, haverá a criação de uma terceira faixa para os veículos e baias para a parada de ônibus.

A expectativa do governo do Estado é de que todas as mudanças previstas na Rodovia Índio Tibiriçá estarão concluídas até dezembro, "caso não haja nenhum imprevisto", ponderou o Palácio dos Bandeirantes em nota.

 

Em março, quando a via completou 40 anos, o diretor regional do DER, Deni Loretti Filho, afirmou que não existiam projetos para a duplicação da SP-31.

 

Diariamente, cerca de 18 mil veículos utilizam a Rodovia Índio Tibiriçá.

A imprudência de condutores que fazem ultrapassagens em locais proibidos - fato comum devido ao trânsito de caminhões - e a pouca oferta de espaços para a travessia de pessoas agravam o risco de acidentes para motoristas e pedestres.

BENEFÍCIO
A reforma da Índio Tibiriçá é uma antiga reivindicação não só do Grande ABC, mas também de municípios da sub-região Leste da Região Metropolitana de São Paulo.

 

Além de passar por Santo André, São Bernardo e Ribeirão Pires, a SP-31 atravessa o território de Suzano. A partir da via é possível acessar as rodovias Anchieta e Caminho do Mar, que levam ao Litoral. (André Vieira)

 


Pedestre pode usar acostamento se não houver calçada
O Código de Trânsito Brasileiro define que o acostamento pode servir para a circulação de pedestres "quando não houver local apropriado para esse fim." As três mulheres atropeladas e mortas na Rodovia Índio Tibiriçá no fim de semana estavam caminhando pelo acostamento.

"Foi imprudência do motorista. A instalação de passarelas é interessante e necessária, mas as pedestres estavam no local destinado para elas", afirmou o presidente da Comissão de Assuntos e Estudos sobre Direito de Trânsito da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, Cyro Vidal.

Para os veículos, a lei prevê a utilização do acostamento para a parada ou estacionamento somente em casos de emergência. Entre outras situações, o código permite que os motoristas utilizem, onde não houver retorno, o acostamento para cruzar a pista ou fazer conversões.

 

Sobre a segurança, o DER informou que a Índio Tibiriçá "é bem sinalizada e há limites de velocidade em todo sua extensão, justamente para inibir os excessos." (André Vieira)




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