Menos de 24 horas após a secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho (PT), convidar a sociedade civil para ir às escolas do município a fim de constatar a alimentação servida de merenda, o Diário certificou que a realidade empregada pelo governo do prefeito Luiz Marinho (PT) é outra ao ser impedido de entrar nas unidades.

A promessa de Cleuza foi feita duas vezes, na segunda-feira, em entrevista à rede TV+. “As pessoas podem ir às nossas escolas, visitar nossa despensa e falar com as nossas merendeiras”, disse a secretária, inicialmente.

Depois, reiterou o convite, acrescentando que o corte na metade da merenda de 80 escolas obedece a estudos embasados, que visam combater a obesidade infantil, e que a situação ganhou repercussão negativa por conta de oportunismo político. “É uso absolutamente eleitoreiro. Muitas vezes a questão política se sobrepõe àquilo que é o interesse de todos. Jamais vou admitir uso disso com as crianças (...) Basta ir na secretaria que todos os contratos estão abertos. Podem visitar às escolas e ir às despensas e ver que estão todas cheias”, acrescentou.

Ao longo do dia de ontem, a equipe do Diário percorreu quatro escolas da cidade, em diferentes bairros, a fim de conseguir verificar a situação do estoque e da qualidade de alimentos, mas acabou barrada por profissionais do corpo diretivo, sob o argumento de que “não estão autorizados a falar sobre merenda”. Equipe de reportagem, primeiramente, tentou acesso como morador interessado no assunto, conforme sugeriu secretária, mas também não obteve êxito.

O Diário também solicitou à Secretaria de Educação acesso aos contratos com fornecedores de merenda e pediu orientação para conseguir mais detalhes acerca da redução de refeições. Não houve resposta.

VISITAS
Reportagem iniciou visitas as escolas ontem, no começo da tarde. Na Emeb Professora Sandra Cruz Martins Freitas, no Jardim Nossa Senhora de Fátima. equipe foi barrada na recepção. Sem se identificar, chegou no local por volta das 16h e pediu informações sobre a merenda escolar. De imediato, um funcionário informou “que não havia autorização para falar”, pois tinham sido orientados “por e-mail pela Secretaria de Educação”. Depois, já identificada como imprensa, equipe seguiu impedida, sob o mesmo argumento.

A Emeb André Ferreira, no Ferrazópolis, foi contatada por telefone. Foi indagado se o almoço para os alunos que entram às 13h foi cortado. A resposta foi de que essa refeição foi tirada do cardápio e que, desde o retorno das aulas, no dia 5 de fevereiro, a escola só dispõe de lanche (pão com carne, frango ou salsicha) e suco, que passam a ser servidos a partir das 14h. Nesta unidade, há comunicado que o almoço deixará de ser servido.