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Personalidades se despedem de Celso Daniel
Do Diário do Grande ABC
22/01/2002 | 01:39
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  Várias personalidades do país estiveram nesta segunda em Santo André para acompanhar o enterro do prefeito Celso Daniel. O governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), afirmou se tratar “de perda irreparável de uma figura generosa” que conheceu na década de 70, no processo de formação do PT. “Estamos aqui com o coração partido e as emoções abaladas. A perda não é irreparável apenas para a família e para São Paulo, e sim para todo o país. É o momento que exige reflexão do alto para baixo, desde a Presidência até os parlamentares. Não é possível que a democracia, duramente conquistada ao longo dos anos, esteja à mercê da violência”.

O governador gaúcho afirmou ter suspeitas fortes de que o assassinato não foi por acaso. “Há uma conotação política.” Ele disse que a atenção do governo federal de São Paulo tem de ser redobrada. Segundo Dutra, a relação dos assassinatos de Toninho ( ex-prefeito de Campinas) e de Celso não pode ser descartada.

O ex-governador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB) afirmou que “não há inteligência por parte dos policiais”. “Enquanto bandidos utilizam a Internet, ainda estamos na era da máquina de escrever. O que mais pesa no caso foi a forma como Celso Daniel foi executado. Não descarto crime político. Algumas coisas nos chamam atenção no caso, como por exemplo, por que deixaram seu amigo ir embora? Por que foi encontrado com roupa diferente? Não acredito em erro de alvo. Celso era uma pessoa alta, não era qualquer roupa que servia nele. Tudo indica que o seqüestro foi preparado. E isso é muito grave.”

Fleury afirmou, ainda, que a questão da impunidade pode ter encorajado os criminosos que mataram Celso. “Quem sabe se não houvesse descoberto os assassinos do Toninho antes não coibiria e evitaria este crime?”

O ator Sérgio Mamberti também compareceu ontem ao velório porque era amigo pessoal de Celso. “Celso era um homem que se preparou para governar e sempre governou bem. Ele colocou o seu saber a serviço da democracia. Avalio que depois da ditadura estes atentados talvez sejam os mais graves. O Celso tinha um papel muito importante no processo de mudança da política nacional. O que me deixa chocado é a forma violenta e arbitrária como o assassinato aconteceu. E isso me deixa sem a perspectiva de melhora. A morte do Celso tem de ter a mesma representatividade da morte do jornalista Wladimir Herzog.”

Mamberti acredita que chegou o momento de a sociedade e o governo tomarem uma atitude, “pois todos estão chocados”. Segundo ele, o atentado foi uma forma de tentar abafar qualquer processo organizado que exista no país.

O sindicalista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, defende a tese de crime político. “É muita coincidência para dizer que foi por acaso. O Celso havia sido escolhido para coordenar o programa de governo de Lula e estava visado. Ele era um dos homens mais importantes do nosso partido e botava medo em quem não quer a mudança do país. Achamos que os culpados têm de aparecer, mas o mais importante é acabarmos com a violência.” O sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, da Força Sindical, também compareceu ao lado da mulher.

O prefeito de São Bernardo, Maurício Soares (PSDB), passou toda a parte da manhã no velório de Celso Daniel. “Ele deixa um vazio sem substituição, dadas as suas qualidades”, disse. n




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