O morador de Santo André internado desde quinta-feira por suspeita de ter contraído a pneumonia atípica "está ótimo", segundo a assessoria de imprensa do Hospital Emílio Ribas, onde o paciente está isolado. O homem de 47 anos, que passou recentemente por Pequim (China), deu entrada no hospital paulistano apresentando três sintomas da Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars, sigla em inglês): febre alta, tosse e falta de ar. Mas os sinais não persistem, ele respira sem o auxílio de aparelhos e o quadro clínico é "ótimo", conforme apurou neste sábado o Diário OnLine.

O homem, cujo nome não foi divulgado, voltou de Pequim no último dia 15 e começou a apresentar os sintomas da doença no dia 18, mas só foi internado na quinta-feira passada (24). Segundo a assessoria do Emílio Ribas, os sintomas apresentados pelo paciente são comuns a outras infecções das vias aéreas e não significam, necessariamente, que ele contraiu a chamada pneumonia asiática – doença que já matou pelo menos 288 pessoas em todo o mundo.

O fato de ele ter passado pela China, maior pólo mundial da Sars, foi fundamental para o isolamento. "Se ele não tivesse ido a Pequim, não seria necessária uma observação tão séria", afirmou a assessoria.

O paciente é mantido em isolamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) meramente para "preservar a segurança da população", segundo o Emílio Ribas. A equipe do hospital explicou que a UTI é um local de circulação mais restrita e permite um controle melhor do paciente em observação. O Emílio Ribas é um dos hospitais da capital paulista em condições de manter o isolamento adequado para casos suspeitos de pneumonia atípica.

Não há previsão de alta. Ele só deve deixar o hospital depois da comprovação, por meio de exames, que não houve infecção pelo vírus da Sars. Os materiais já foram coletados e serão analisados pelo Instituto Adolfo Lutz. Os resultados devem ser divulgados dentro de aproximadamente três semanas.

Panorama - As duas primeiras análises do Adolfo Lutz sobre suspeitas de pneumonia asiática indicaram que não houve infecção. Não foram encontrados traços do vírus da Sars nos exames da jornalista inglesa Sally Blower, que veio ao Brasil após passagens pela Malásia e Cingapura, e do menino chinês Jason Liang, que entrou no país após passar pela província chinesa de Guang Dong (um dos maiores focos da pneumonia asiática).

Além do morador de Santo André, uma estudante de São José dos Campos (interior de São Paulo) também está internada com suspeita de Sars. Mariana Mendes Batista, 19 anos, foi encaminhada sexta-feira para um hospital da periferia de Londres (capital da Inglaterra) porque um exame de raio x feito no aeroporto internacional de Heathrow indicou a existência de uma mancha no pulmão da garota. Ela não tem histórico de passagens pela Ásia e não apresenta sintomas da doença.

Segundo a Rede Globo de Televisão, os médicos do hospital londrino não acreditam que ela tenha Sars. A hipótese mais provável, segundo a emissora, é de tuberculose.

A pneumonia atípica está amedrontando várias partes do mundo, especialmente a Ásia e o Canadá (mais especificamente a província de Ontario). A Organização Mundial da Saúde (OMS) registra 4.649 casos da doença no mundo, com 274 mortes e 2.206 pacientes curados. Mas esses números se referem à última sexta-feira. Só neste sábado, China (principal pólo da doença), Hong Kong e Cingapura anunciaram 14 novas mortes em decorrência da Sars.

A epidemia na China causou a demissão de Zhang Wenkang, que ocupava o Ministério da Saúde. O governo chinês o culpa por omissão dos primeiros casos da Sars no país, que teriam surgido há quatro meses. O cargo será exercido pela vice-primeira-ministra, Wu Yi.