Cultura & Lazer Titulo Fruto de pesquisa
Ribeirão Pires em detalhes

Pesquisador Marcílio Duarte lança livro que vasculha história do município

Por Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
03/11/2019 | 07:00
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Divulgação


Marcílio Duarte teve contato profundo com a história de Ribeirão Pires. Aproximação essa que fez com que se apaixonasse pelo assunto e pela cidade. Ele foi responsável pelo setor de patrimônio cultural do município a partir de dezembro de 2014 até este ano. Essa aproximação, agora, lhe rendeu um livro, Ribeirão Pires – De Geribatiba a Estância Turística (Annablume Editora, 335 páginas, R$ 35, em média), que acaba de ganhar vida.

Fruto de cerca de três anos de pesquisa, o livro conta sobre a história de Ribeirão Pires, desde os tempos de Geribatiba (aldeia), passando por Caguaçú, pelo Sítio do Ribeirão Pires até chegar na era da estância turística. Ele conta que a obra envolveu pesquisas bibliográfica, documental, iconográfica e cartográfica. “A pesquisa de campo foi utilizada para registro fotográfico de locais apontados no estudo”, explica.

Formado em comunicação e especializado em gestão cultural, o autor conta que leu obras de Roberto Bottacin e de outros autores, como Wanderley dos Santos. Ele explica que o livro de Bottacin data dos anos 1980 e depois disso praticamente mais nada foi publicado sobre a história de Ribeirão Pires, apenas livros de memórias, como os de Américo Del Corto (2006), Antônio Simões (2008) e Paulo Soichi Nogami (2008). “Senti que era o momento de escrever algo quando me envolvi na organização da obra de Wanderley dos Santos. Foi um exercício tão bom que me despertou a vontade de escrever.”

Ele explica que em sua pesquisa e leituras encontrou diversas inconsistências que o inquietaram. “Entre elas, basicamente estavam os mitos de origem criados em torno da cidade, associados a uma visão glorificadora da história, livre de conflitos, meramente narrativa, principalmente em relação às imigrações ocorridas no fim do século XIX”, diz.

Ele cita, entre os exemplos que dá no livro, do costume de chamar o Córrego Ribeirão Grande, que corta a cidade, de Rio Ribeirão Pires. “É um caso realmente curioso, pois ver o córrego que dá nome à cidade ter o seu nome trocado é um tanto insólito. O verdadeiro Ribeirão Pires não é o do Centro, que corre pela Avenida Prefeito Valdírio Prisco, mas o que banha outra região, completamente diferente, na divisa com Mauá”, afirma.

Outra inconsistência que o pesquisador aponta na história da cidade é a alegação de que (o explorador) Brás Cubas (1507-1592) teve fazenda em Ribeirão Pires e que a “Capela do Pilar teria sido a antiga ermida de Santo Antônio construída por ele no século XVI. Analisando as cartas de sesmaria (terra) da época, comprovo que a sua Fazenda Jarabati ficava em Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, jamais aqui.”

Ao longo da pesquisa para o livro Duarte encontrou coisas curiosas e raras. “A ata de 1677 nomeando Antônio Corrêa de Lemos como capitão-mor de Caguaçú, a certidão de óbito de Antônio Corrêa de Lemos, um documento raríssimo, e a apelação do mestre de campo e Antônio Pires de Ávila contra a sua condenação, também raríssimo”, diz.

Duarte escreveu pensando no público acadêmico, “pois não queria que a obra repetisse o erro das anteriores de não obedecer ao rigor científico. Mas embora seja destinada à academia, não se trata de uma obra hermética, considero de fácil leitura”.




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