A ocupaçao militar foi determinada depois de atos de violência na cidade de Cochabamba, quando uma multidao de cerca de mil manifestantes sitiou o local onde estavam reunidas várias autoridades governamentais e parlamentares.
``Em Cochabamba, se impôs a ordem constitucional. Os que hoje querem passar por vítimas foram os carrascos de ontem. Maiores detalhes do caso serao divulgados depois de conversarmos com o presidente (Hugo Banzer)', declarou o ministro de Governo, Walter Guiteras, antes de entrar para uma reuniao de gabinete no palácio Quemado, de La Paz.
Na maior expressao de descontentamento social e quase três anos de administraçao do presidente Banzer, a situaçao pareceu chegar a seu clímax quando um ministro de Estado, Tito Hoz de Vila, e parlamentares que negociavam a suspensao da greve em Cochabamba foram sitiados nesta quinta-feira por manifestantes na sede da Prefeitura.
Preliminarmente, o deputado Daniel Uriona e a agência estatal de notícias ABI tinham informado que o ministro retido no recinto era o de Desenvolvimento Econômico, José Luis Lupo.
Protagonizado por quase mil manifestantes, o cerco reuniu em sua maioria camponeses dedicados à plantaçao de coca, encabeçados pelo ex-dirigente mineiro trotskysta Filemón Escobar, que fecharam com arames a porta principal de acesso à Prefeitura.
Entre as autoridades retidas, estavam ainda o vice-ministro de Regime Interior, José Orías, o prefeito (governador) Hugo Galindo, três parlamentares e o presidente da entidade patronal privada dessa província.
Vários dirigentes foram detidos na ocupaçao militar, mas libertados em seguida, a pedido da Igreja Católica.
Enquanto isso, dirigentes de uma denominada Coordenadoria da Agua, que aglutina organizaçoes sindicais e sociais e se opoe que o governo entregue a uma empresa estrangeira, de capitais italianos, a responsabilidade de construçao de uma represa nessa província, disseram que ``a greve continua'.
Apesar da ocupaçao militar de Cochabamba, nesta sexta de manha continuavam as barricadas no centro da cidade e o bloqueio de estradas.
O problema da água provocou em janeiro passado em Cochabamba uma das manifestaçoes mais violentas dos últimos anos, com um balanço de centenas de feridos e dezenas de detidos, depois de quase oito horas de choques entre os manifestantes e unidades militares e policiais.
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