Alheio a isso, o público gritou "é campea" quando o último carro alegórico cruzou a Praça da Apoteose. Para um dos cinco carnavalescos da escola, Shangai, a Beija-Flor quis mostrar no sambódromo que o descobrimento do Brasil já estava programado por entidades divinas, que consideram o País a terra do terceiro milênio.
Enredo à parte, o desfile da Beija-Flor vai marcar a história do carnaval carioca pela originalidade e plástica do carro "navio negreiro". Nele, 150 atores negros reviveram o sofrimento dos negros africanos numa das inúmeras viagens da Africa para o Brasil. Torturados por capatazes brancos, os negros nao conseguiam se livrar das correntes e emitiam sons de desespero. Numa das encenaçoes, mulheres eram estupradas. Em outra, espancadas e recebiam chibatadas. Em outro carro, uma favela carioca foi transportada para o sambódromo, com direito a barracos, biroscas, gaiolas e camisetas de Flamengo e Vasco penduradas nas paredes de tábuas, objetos de uso doméstico soltos, etc.
A modelo Suzana Alves, a Tiazinha, chegou ao fim do desfile com o joelho direito sangrando. Ela foi ovacionada por dezenas de rapazes na dispersao. No final da apresentaçao da Beija-Flor, a comissária do Juizado de Menores, Maria Júlia Monteiro, identificou 16 crianças que saíram no abre-alas acima do limite de três metros, estabelecido para a presença de crianças em carros alegóricos. Ela afirmou que a escola seria notificada. Isso, porém, nao afeta a pontuaçao da Beija-Flor. O diretor de Harmonia da escola, Laíla, considerou o desfile perfeito.
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