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Cicote, ex-vice prefeito de Sto.André, está desiludido e cansado
Por Miriam Gimenes
Especial para o Diário
18/12/2005 | 08:32
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Aos 67 anos, o ex-deputado federal, ex-estadual e ex-vice prefeito de Santo André José Cicote (PSB) não quer mais saber de política.Está desiludido e cansado. Hoje trabalha apenas em prol dos aposentados como vice-presidente da associação da categoria no município. Essa foi a sua escolha após 11 anos  afastado da vida pública, por achar que “já havia passado o tempo”. Lulista de carteirinha, o ex-petista ainda acredita no presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirma que, mesmo sendo de outro partido, não abre mão de votar nele nas próximas eleições.

“Sempre fui muito amigo do Lula, moramos quatro anos juntos em Brasília. Por isso, acredito muito nele”, diz Cicote. Ex-sindicalista, ele revela que sempre acreditou que um trabalhador chegaria ao poder. “E o Lula é um cara que veio do sertão de Pernambuco, e conhece todas as dificuldades que um trabalhador passa”, explica. Os amigos dos tempo do movimento sindical do Grande ABC, na década de 80, se encontraram recentemente. Foi no dia 2, quando o presidente da República veio a Santo André para a inauguração da pedra fundamental da UFABC (Universidade Federal do ABC). “Apenas o cumprimentei, já que é difícil falar com ele agora”, reclama o ex-metalúrgico.

Cicote faz questão de frisar que é um dos fundadores do PT (Partido dos Trabalhadores), e que ajudou a escrever o estatuto da legenda, focado na militância pelos interesses do trabalhador. Só trocou de sigla em 1997, em razão de divergências no diretório municipal, embora o ex-militante prefira não revelar quais foram.

Sobre os escândalos que envolvem o PT desde junho, o ex-deputado se diz decepcionado. “Chorei no dia em que pegaram o assessor do irmão do Genoíno (José Genoino, que era presidente do PT nacional) com a cueca cheia de dólares”, revela. Para Cicote, mesmo com todas as evidências sobre o mensalão, Lula nada sabia. “Se soubesse, teria havido punição”, acredita.

A respeito da cassação do mandato do deputado federal José Dirceu, José Cicote fala em vergonha. “Ver deputados do PT serem cassados é extremamente triste, doloroso.” Outro ponto decepcionante para o ex-petista é o fato de não ter um “verdadeiro trabalhador” no comando da legenda. “Um peão da mão de graxa, que conhece o sofrimento do trabalhador, não tem mais na direção do partido, que perdeu suas características.” Denúncias sobre caixa 2 também não amarguram o metalúrgico aposentado. “Para fazer o que os outros fazem não precisaria ter formado um partido, era só deixar os mesmos”, reclama.

Cicote entrou na política em 1982, tornando-se, na época, o deputado estadual mais votado do partido (81.118 votos). Foi reeleito e, na gestão posterior, assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados. Em 1989, formou chapa com o prefeito Celso Daniel, vitoriosa e que dirigiu a Prefeitura de Santo André até 1992. Na eleição seguinte, o ex-metalúrgico concorreu à prefeitura, mas perdeu para Newton Brandão (PTB). Em 1994 ele se candidatou novamente a deputado federal e perdeu novamente. Foi quando decidiu abandonar de vez a política.

Nascido em Polone, uma cidade do interior de São Paulo, Cicote se mudou para Santo André em 1962. Ele trabalhou durante 18 anos na Pirelli e começou a militar no sindicato em 1969. Onze anos depois, foi cassado por causa das greves que participou junto a Lula e ficou 30 dias na prisão. Com uma trajetória definida por ele como ativa, o ex-deputado afirma não se arrepender de nada que fez e que “se voltasse tudo novamente, faria melhor, e com muito mais experiência”.




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