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Novo chefe da PM do Grande ABC quer fortalecer parceria com a comunidade

Coronel Marcelo Gaspar, que assumiu há uma semana o comando do CPA/M-6. diz que terá reuniões com Consegs para ouvir mais a sociedade

Por Sergio Vieira
Da Redação
16/05/2022 | 00:01
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André Henriques/DGABC


Aproximar ainda mais a Polícia Militar da população e estreitar os laços com os conselhos de segurança do Grande ABC, que podem contribuir muito nas políticas de combate à criminalidade. Essa é a intenção do coronel Marcelo Gonçalves Gaspar, que assumiu há uma semana o comando do CPA/M-6, responsável pelo policiamento do Grande ABC. Ele contou, em entrevista exclusiva ao Diário, que irá fortalecer as ações especiais, principalmente a Operação Sufoco, para coibir roubos e furtos de veículos na região. Objetivo do novo comandante é melhorar a percepção de segurança dos moradores do Grande ABC.

Coronel, conta um pouco de sua trajetória até chegar ao Grande ABC.

Tenho mais de 30 anos de Polícia Militar. Trabalhei na área do 13º Batalhão (centro de São Paulo) e em seguida fui para o Comando de Policiamento de Choque e tive um passagem no Regimento de Polícia Montada 9 de Julho, a cavalaria. Depois fui alçado a trabalhar na área de assessoria e estratégia do comando geral da instituição, em todo o Estado, 3ª seção do Estado-Maior, que cuida da organização, operações e de treinamento. Depois fui trabalhar na Secretaria de Segurança Pública do Estado, na assessoria policial, onde atuei na Coordenadoria de Análise e Planejamento, que divulga todas as estatísticas oficiais do Estado. Trabalha com a coleta desses dados relacionados à Polícia Militar. Também tenho experiência importante na Coordenadoria dos Consegs (Conselhos Comunitários de Segurança. Viajei muito nesse trabalho de parceria com a sociedade civil. A comunidade contribuindo na segurança pública. Aqui no Grande ABC tem vários consegs. Depois voltei para o Estado-Maior, em uma área ligada a logística, que é minha última unidade antes de vir para cá, onde se planeja tudo que refere à logística. Desde a fase de quantas viaturas vai adquirir, como vai gastar o orçamento, e depois para onde vai, como será distribuído. Armamentos, coletes, todo material, reformas, obras e tudo mais. 

Então o sr. já tinha uma visão importante do Estado.

Sim. Do Grande ABC, por exemplo, não conhecia muito in loco, a não ser em algumas visitas aos Consegs, mas conheço muito bem a região que integra o CPA-M/6 por conta dos planejamentos. Participei do planejamento desde a área operacional, estrutura e trabalhei muito essa questão no Grande ABC. A parte de estrutura eu conheço muito, mas no operacional chego agora para desenvolver essa atividade. Acho que vou conseguir aproveitar muito essa bagagem de planejamento, estratégia e agora colocando em prática o que eu ajudava a planejar. 

Como o sr. recebeu a notícia quando foi designado para o Grande ABC?

Eu fiquei muito feliz, porque a gente sabe da importância do Grande ABC em todo o Estado. Uma região extremamente pujante, muito importante do lado econômico e é um comando considerado muito forte. Nós temos cerca de 3.600 policiais militares atuando na região. Essa expectativa se comprovou com minha chegada e foi possível perceber que há um sentimento de pertencimento muito grande na região, tanto por parte do policial quanto da população. Há uma motivação para trabalhar em prol da região. E as pessoas são muito unidas e ávidas em ajudar. Eu também sempre tive essa concepção de que não é possível fazer segurança pública só com polícia. Precisa trabalhar de forma integrada, com ajuda do poder municipal e da sociedade. Esse é o caminho. Não dá para fazer polícia para a polícia e sim para quem está recebendo o serviço.

Como foi a transição com o coronel Hélio (que foi para a Baixada Santista)?

Foi muito tranquila, porque o coronel Hélio é um grande amigo de muito tempo, desde a época em que eu trabalhava no Choque e ele, em determinado momento, também passou por lá. E a notícia que eu tinha era do trabalho extremamente positivo que ele vinha desenvolvendo aqui. Muita gente me falou que a casa estava muito organizada. Ele me passou as novidades, sabendo que estava indo para uma nova missão.

Como fazer para atrair mais a sociedade para esse papel de contribuir com a segurança pública?

Temos uma série de iniciativas realizadas no Estado que começaram em um conseg. Isso vem desde a época do governo de Franco Montoro. Essas reuniões precisam ser fortalecidas. Precisamos incentivar nossos comandantes de batalhão e de companhia a trazer ainda mais a comunidade, porque é ela que está no dia a dia e sabe dos problemas. Esses conselhos precisam ser fortalecidos. Nos próximos dias quero começar a me reunir com os presidentes dos conselhos de segurança da região. Uma dessas iniciativas é o programa Vizinhança Solidária. 

Fortalecer de que forma?

Quero saber quais são as iniciativas que foram implementadas, se os comandantes estão participando de reuniões, saber se os pedidos estão sendo atendidos. Importante é estar mais próximo e fortalecer esses laços. Hoje são pelo menos 19 consegs. 

O sr. falou do programa Vizinhança Solidária. O quanto ele ajuda no combate à criminalidade?

O espírito do Vizinhança Solidária é muito parecido com o dos consegs, que é de unir as forças no combate ao crime em determinadas regiões. Às vezes uma ou duas ruas, um quarteirão, um subgrupo podendo ajudar a polícia. A cautela que a gente tem é que esse programa seja instituído da forma como deve ser, com as pessoas muito bem orientadas pra não correr o risco de algum oportunismo local. A orientação é que quem deseja montar um grupo do Vizinha Solidária deve procurar a Polícia Militar, que deve ser a incentivadora e dizer quais são as regras. Uma iniciativa local deve ser muito bem orientada na raiz. Esse programa ajuda muito a reduzir a criminalidade daquele local. O policial militar não consegue estar em todos os lugares e o pessoal do Vizinhança Solidária está ali diariamente observando. Com isso, sempre vai haver um olho da Polícia naquela região. As pessoas se ajudam e, quando necessário, acionam a Polícia Militar. O objetivo é de unir esforços.

O sr. chega em um momento em que o governo do Estado acaba de implementar a Operação Sufoco, para tentar coibir roubos e furtos de veículos, principalmente por falsos entregadores. Como enxerga essa missão nesse momento?

Eu tive uma conversa sobre isso durante a transição com o coronel Hélio. A Operação Sufoco significa uma intensificação de uma atividade que a gente já realiza há muito tempo. Aqui no Grande ABC as operações, que pretendemos dar continuidade e um ênfase ainda maior, tinham esse foco, que era de reduzir a situação de roubos na região. Já havia iniciativas de bloqueios com ações direcionadas a motos irregulares e pessoas se disfarçando de entregadores. Eu vejo esse programa instituído pelo governo como extremamente positivo. E eu tenho certeza que vamos conseguir reduzir os índices com esse formato que está sendo feito. É importante essa visibilidade da Polícia, para inibir esse marginal que não estava sendo visto. A forma com que a Operação Sufoco está sendo implementada é justamente com esse objetivo. E já temos bons resultados de quantidade de motos apreendidas, retiradas de circulação e de veículos vistoriados. Tenho certeza que vai contribuir muito na redução dos indicadores de furto e roubo de veículos.

Essa hoje é a maior preocupação da Polícia Militar?

Eu penso que a gente tem que trabalhar bastante não só com a questão dos índices de criminalidade, de ter aumentado ou diminuído, mas o nosso foco precisa ser na percepção de segurança. Muitas vezes o índice pode não estar alarmante, mas se a percepção da sociedade estiver negativa, é porque alguma coisa precisa ser feita. A questão da visibilidade é de você passar em um local onde você passava receoso e avista uma viatura. Se eu precisar, a Polícia Militar está próxima. A gente consegue perceber essa sensação de segurança diante do clamor, que é o que a população percebe e diz. A Polícia precisa estar alerta quanto a isso e adotar medidas para a gente melhorar essa percepção de segurança. Reduzir índice de criminalidade é importante, porque é um critério significativo, mas a gente precisa tomar um pouco de cuidado porque passamos por um período de pandemia, em que as pessoas ficaram em casa. É temerário comparar os números de 2022 com 2021 e 2020, porque foram dois anos atípicos. Mas nós não diminuímos o nosso efetivo e não ficamos um segundo sequer sem estar com nossos policiais nas ruas. Foi uma instituição que não reduziu número de profissionais nem a forma de agir. Mas nosso objetivo sempre é de reduzir ao máximo os índices de criminalidade.

A Operação Grande ABC Mais Seguro também segue?

Com certeza segue. Não posso revelar datas e locais, mas conversei com meus policiais sobre a necessidade de a gente continuar implementando e até reforçando essas operações, que tem trazido bons resultados e sempre foram muito bem vistas pelas sociedade. A população da região vai ver ainda mais a Polícia Militar nas ruas. Essa é a nossa ideia. A gente tem conversado muito também com as guardas municipais e Polícia Civil para continuar trabalhando junto.

Como o sr. vê a importância do contingente das guardas municipais e de policiais civis neste trabalho?

Vejo com bons olhos. A atuação tem que ser conjunta. Temos que unir esforços porque segurança pública é para a população. A Polícia Militar está sempre disposta a esta integração, incluindo também a sociedade civil. Esse é o caminho para a gente conseguir melhorar a vida das pessoas. E aqui no Grande ABC tenho certeza vamos ter facilidade para conseguir manter essa integração.

Esse pensamento também é o do novo comando geral da Polícia Militar?

Com certeza. As transições ocorrem de forma muito transparente. Há um trabalho muito positivo sendo elaborado e passa-se o bastão para uma nova gestão que vai dar continuidade, no mesmo caminho e continuar crescendo.




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