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Hanseníase: Brasil é o 2º em casos
29/01/2005 | 18:49
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A comunidade internacional celebra, neste domingo, o dia de combate à hanseníase, uma doença já registrada até na Bíblia e nas civilizações antigas e que nos últimos 20 anos sofreu uma redução como poucas experimentaram. Desde 1985, 12 milhões de pessoas foram curadas da hanseníase no mundo. Mas segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil, Índia e outros quatro países ainda representam 90% dos 755 mil casos registrados no mundo.

Segundo a Novartis, empresa que fornece de forma gratuita os remédios para o tratamento da doença no Brasil, a incidência da hanseníase no país é a segunda maior do mundo. Esse número é superado apenas pela Índia, com 367 mil casos, mas uma população bem superior à brasileira.

Apenas em 1998, 44 mil novos casos foram registrados no país, 58% acima das taxas de 1988. Nesse mesmo período, o mundo havia conseguido progressos significativos e, segundo a OMS, 108 países eliminaram a doença.

Os sintomas da hanseníase podem levar até 20 anos para aparecer e, embora seja curável e não seja classificada como uma doença altamente contagiosa, a hanseníase pode deixar graves conseqüências se não for tratada em seus estágios iniciais. Desde a década de 80, a OMS recomenda o tratamento a partir de três remédios: dapsone, rifampicin e o clofazimine. Apenas uma dose da terapia seria suficiente para impedir a transmissão da doença e, em doze meses, uma pessoa está curada.

Para Penny Grewal, representante da Fundação Novartis para o Desenvolvimento Sustantável, o problema não é o custo do medicamento, mas o acesso da população a um sistema de saúde que esteja preparado para tratar da doença. “Há uma coincidência entre as regiões mais pobres e a incidência da hanseníase no Brasil”, afirmou a especialista, que acredita que a atual estratégia adotada pelo governo pode finalmente reduzir o número de pacientes no país. “Temos confiança”, disse a representante, que garante que a Novartis irá continuar doando os medicamentos até que o Brasil chegue à eliminação da doença.

A OMS sugere que os países que queiram eliminar a doença devem contar com um forte compromisso político e precisam garantir o tratamento e o diagnóstico em seus sistemas de saúde. “A OMS estima que ao detectar de forma precoce o problema e garantindo o acesso aos remédios, entre três e quatro milhões de pacientes conseguiram evitar se tornar pessoas incapacitadas”, afirma a agência de saúde da ONU.

Outro obstáculo no tratamento precoce é o estigma da doença. “O Brasil é um dos únicos países onde a doença não pode ser chamada de lepra”, afirma Penny Grewal. “A imagem da lepra precisa ser mudada nos nível local, nacional e mundial. Precisamos criar um novo ambiente no qual os pacientes não hesitarão em pedir para serem diagnosticados em um posto médico”, afirma a OMS.




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