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Falta de professor deixa alunos sem aula em Santo André
Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
14/09/2010 | 07:12
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Os alunos de escolas estaduais de Santo André têm sofrido com a ausência de professores titulares e falta de eventuais e temporários para substitui-los. Segundo a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), os estudantes assistem 15% a menos de aulas que o programado.

Para o conselheiro da subsede Apeoesp Santo André Alexandre Ferraz, o problema se agravou depois que o governo estadual começou a fiscalizar com mais rigidez o cumprimento da medida que restringe a matéria que o professor eventual pode lecionar.

"Sou formado em História e só posso dar aula nessa disciplina," explicou um professor temporário. "Antigamente, como não havia a restrição, a gente podia ajudar os alunos em outras matérias."

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo contesta a determinação. De acordo com o órgão, quando um professor titular tira licença inferior a 15 dias não é permitida a contratação de temporário. Nesse caso, o substituto seria o eventual, que pode assumir a aula mesmo não sendo da mesma área do docente afastado, já que o conteúdo é determinado pelo o Caderno do Professor e o Caderno do Aluno.

Outro fator que segundo a Apeoesp dificulta a substituição é a quarentena a qual estão sujeitos os professores contratados como temporários.

Segundo a lei estadual 1093, qualquer funcionário que preste trabalho temporário para o Estado fica proibido de fazê-lo novamente durante 200 dias. "Isso afastou os professores da escola", avaliou uma professora de Português efetiva da rede.

Na EE Prefeito Engenheiro Celso Daniel, por exemplo, os alunos afirmaram que desde o início do semestre têm saído pelo menos três vezes por semana mais cedo. "Nossa saída é às 18h20, mas a gente geralmente sai às 17h30, 16h40. No dia 8, por exemplo, não tivemos aula porque não tinha professor. Já fomos dispensados no portão mesmo", contou um estudante da 7ª série.

Na EE Prof Clotilde Peluso, os alunos disseram que perdem em média três aulas por semana.

A Secretaria de Estado informou que não há falta de eventuais ou temporários - mais 90 mil professores foram selecionados na última avaliação. "O problema é que esses professores têm de ficar à disposição da escola, mas só ganham por aula dada", explicou o conselheiro da Apeoesp.


Problemas de saúde são principal motivo de ausência
Segundo a Apeoesp e professores ouvidos pela equipe do Diário, os problemas de saúde são o principal motivo de falta ao trabalho dos efetivos. "Muitos têm jornada dupla e acabam tendo problemas nas cordas vocais, por exemplo. Outros têm problemas psicológicos e estão afastados. Além disso, 80% da categoria é formada por mulheres, e as licenças-maternidade e exames de rotina são comuns", explicou o conselheiro da Apeoesp, Alexandre Ferraz.

De acordo com a entidade, cerca de 20% dos professores ativos têm algum problema de saúde, mesmo que não estejam afastados. "É uma rotina estressante. Na semana passada, um aluno da 5ª série surtou e agrediu outro aluno. Há 15 dias, o mesmo jovem já havia agredido a professora. A violência dentro das escolas aumenta o número de faltas de professores", explicou uma professora efetiva da rede. (Camila Brunelli)




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