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Derrubada da esquerda nas eleiçoes surpreende a Espanha
Do Diário do Grande ABC
13/03/2000 | 11:48
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A vitória do chefe do governo de centro-direita, José María Aznar, nas eleiçoes gerais deste domingo e a derrubada da esquerda surpreenderam os espanhóis, que descobrem um panorama político diferente e inédito.

Pela primeira vez desde a retomada das eleiçoes livres, em 1977, a direita superou a esquerda em número de votos: 10,2 milhoes para o Partido Popular (PP), de Aznar, contra 9,1 milhoes para o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a coalizao comunista Esquerda Unida (IU). As pesquisas de opiniao previam margens menores e maioria simples para o PP.

O partido de Aznar obteve uma maioria absoluta de 183 cadeiras, entre as 350 do Parlamento, e 27 deputados a mais do que nas eleiçoes anteriores, em 1996.

A confortável maioria impulsiona José María Aznar, um ex-inspetor de impostos de 47 anos, à primeira fila da centro-direita européia, sendo a Espanha o único grande país da Uniao Européia nao governado por social-democratas.

Uma das principais conseqüências deste êxito na Espanha é o fim do sistema de alianças parlamentares e da dependência do Executivo dos votos de deputados nacionalistas bascos e catalaes, um sistema a que Aznar teve que recorrer em 1996, assim como seu antecessor, Felipe González, em 1993.

A outra grande surpresa da votaçao foi a espetacular derrubada do PSOE, que perdeu 16 deputados, ficando com 125 cadeiras. As urnas também foram severas com os comunistas da Esquerda Unida (IU), que perderam 13 de seus 21 deputados, ficando com oito.

A imprensa espanhola disse esta segunda-feira que o PSOE foi vítima de seu projeto de ``governo progressista' junto com a IU (ao estilo da ``esquerda plural' no poder na França), que nao mobilizou o eleitorado. A abstençao alcançou um dos índices mais altos desde a morte de Franco: 30%.

Para o jornal El País, a aliança entre PSOE e IU, longe de mobilizar o eleitorado de esquerda, despertou o de direita, temeroso quanto à entrada dos comunistas no governo.

O candidato e secretário-geral do PSOE, Joaquín Almunia, tomou conhecimento do fracasso e anunciou no sábado a sua demissao.

Enquanto o PSOE, que governou a Espanha durante 14 anos antes da chegada ao poder dos populares, enfrenta uma larga travessia no deserto, o PP promete evitar ``qualquer abuso de poder'. ``Devemos administrar bem nossa vitória, levando em conta que é mais difícil lidar com uma vitória do que com uma derrota', afirmou nesta segunda-feira o secretário-geral do PP, Javier Arenas.

Aznar prometeu na noite deste domingo uma ``atitude aberta ao diálogo permanente com toda a sociedade espanhola, pois somos todos necessários para o progresso da Espanha'.




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