Economia Titulo Previdência
Piso da aposentadoria será de R$ 788,06

Governo revisou crescimento do PIB e da inflação e ampliou reajuste para 8,84%; teto vai alcançar R$ 4.662,43

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
29/08/2014 | 07:13
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O salário mínimo, que é o piso da aposentadoria, deverá alcançar R$ 788,06 em 2015, o que representa reajuste de 8,84% ante os atuais R$ 724, diferença de R$ 64,06. Isso porque o governo revisou tanto o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2013, de 2,3% para 2,49%, como a variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), cuja estimativa é de encerrar este ano em 6,2%. Até julho, o indicador acumula alta de 3,92%.

Para calcular a correção do salário mínimo, equivalente ao menor valor pago pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) a quem ‘pendurou as chuteiras’, são consideradas a variação do PIB de dois anos atrás mais a inflação do ano anterior. A fórmula será adotada até o ano que vem. No entanto, o Senado examina a possibilidade de postergá-la até 2019.

A alteração do valor consta na proposta de Lei Orçamentária Anual, entregue ontem pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ao presidente do Senado, Renan Calheiros. Em abril, o governo havia estimado que o salário mínimo – e, consequentemente, o piso da aposentadoria – chegaria a R$ 779,79, alta de 7,71% ou R$ 55,79 a mais.

Os demais valores pagos pelo INSS, acima do mínimo, são corrigidos apenas pelo INPC, estimado em 6,2%. Assim, o teto da aposentadoria deverá atingir R$ 4.662,43, alta de R$ 272,19 ante os atuais R$ 4.390,24.

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o reajuste revisado pelo governo é condizente com o momento atual, de inflação em alta. “Esse percentual é bastante realista, diferentemente do ano passado, quando a postura do governo foi mais conservadora”, diz, referindo-se ao fato de que, em meados de 2013, a União projetava INPC de 5,2%, enquanto o mercado, de 6%. No fim das contas, o índice encerrou o ano em 5,56%. Neste ano, Agostini conta que os analistas financeiros, conforme pesquisa realizada pelo Banco Central, estão estimando alta de 6,4% para o INPC. “Ambas as expectativas estão muito próximas uma da outra. O que é bom, já que o governo terá de realizar menor ajuste possível em seu orçamento para 2015, isso se ele tiver de remanejar recursos”, avalia. Mas isso só será sabido no fim do ano, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) calcular a inflação acumulada em 2014.

O INPC mensura a inflação das famílias que ganham entre um e cinco salários mínimos (de R$ 724 a R$ 3.620), ou seja, têm mais peso no índice despesas básicas, como alimentação, Saúde e moradia.

Para o assessor da diretoria da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Ewander Cezar Moraes, justamente pelo peso maior desses gastos, o reajuste é injusto para quem ganha valores acima do piso. “O custo de vida do aposentado é muito alto. Só as despesas com medicamentos e plano de saúde já levam quase todo o benefício. Por isso, nada mais justo do que conceder a todas as quantias pagas pelo INSS a correção aplicada ao salário mínimo, ou seja, o PIB mais a inflação, e não só a inflação”, defende.

Moraes conta que no ano passado conseguiu negociar com o convênio médico parceiro da associação aumento de 10% mas, neste ano, a alta será de 14%, autorizada pela ANS (Agência Nacional de Saúde). “É muito mais do que os 6,2% estimados pelo governo para a inflação. Assim fica bem difícil.”
 




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