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Morte de Benazir confirma trágica tradição da família Bhutto
Por Da AFP
27/12/2007 | 17:45
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A morte nesta quinta-feira em Rawalpindi da ex-primeira-ministra do Paquistão, Benazir Bhutto, num atentado suicida durante um comício, tornou-se o mais recente episódio da trágica tradição da família Bhutto, a dinastia mais célebre do país.

Zulfikar Ali Bhutto, primeiro-ministro do Paquistão no início dos anos 1970, sua mulher Nusrat e seus quatro filhos eram considerados uma família perfeita. Fundador do PPP (Partido do Povo Paquistanês), Ali Bhutto era conhecido por seu carisma e Nusrat por sua beleza.

Em 1977, Zulfikar Ali Bhutto foi tirado do poder por um golpe de Estado liderado pelo general Zia ul-Haq. Seus filhos Murtaza e Shahnawaz precisaram deixar o país. Sua mulher, Nusrat, e sua filha, Benazir, que estudou em Harvard (EUA) e em Oxford (ING), passaram muitos anos na cadeia ou em prisão domiciliar. Dois anos depois, o general Zia prendeu Ali Bhutto.

Shahnawaz e Murtaza se exilaram em Cabul (AFG) e Damasco (SIR), onde foram acusados de terem fundado a organização terrorista Al Zulfikar.

Em 1985, a tragédia atingiu novamente a família. Shahnawaz foi encontrado morto em seu apartamento de Cannes (sul da França). A família diz que ele teria sido envenenado por sua esposa afegã, cuja irmã era casada com Murtaza, mas esta denúncia nunca foi comprovada.

Em 1986, depois de ter vivido em Londres (ING), Benazir voltou ao Paquistão e escapou de um atentado em janeiro de 1987. Depois da morte do general Zia e da vitória do PPP nas legislativas em 1988, ela se tornou, aos 35 anos, a primeira mulher no mundo a ser primeira-ministra em um país muçulmano.

Uma das medidas tomadas por Benazir foi obrigar seu irmão Murtaza, acusado de organizar o seqüestro de um avião, a se manter em exílio. Expulsa do poder em 1990, ela foi reeleita em 1993. A decisão de Murtaza de se candidatar nestas eleições contra os candidatos do PPP viria semear a discórdia na família.

Murtaza conseguiu um assento na assembléia provincial de Sindh, mas ele foi preso pela polícia no dia de sua volta ao Paquistão depois de 16 anos de exílio, sendo acusado de atividades terroristas realizadas em nome do grupo Al Zulficar. A família não chegou a se reconciliar.

Em 24 de setembro de 1996, foi morto pela polícia em Karachi com sete de seus partidários.

Depois de permanecer por oito anos exilada em Londres para escapar das acusações de corrupção, Benazir voltou ao Paquistão em 18 de outubro passado para participar das eleições legislativas previstas para 8 de janeiro. No dia em que voltou, Benazir havia escapado mais uma vez de um atentado, desta vez duplo, em que morreram 139 pessoas.



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