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Blair enfrenta críticas de ex-diplomatas a sua política externa
Por Da AFP
27/04/2004 | 11:54
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O governo britânico se esforçou nesta terça-feira para responder às críticas de 52 ex-diplomatas contra a política externa do primeiro-ministro Tony Blair. Na segunda, os especialistas condenaram o fato da Grã-Bretanha obedecer sem contestar a política ditada pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, mesmo quando ela é prejudicial.

“Estas pessoas têm perfeitamente o direito de expressar as idéias que quiserem”, comentou um porta-voz do governo britânico, visivelmente contrariado. Para o secretário de estado das Relações Exteriores, Mike O'Brien, a iniciativa dos ex-diplomatas “é a expressão de uma frustração diante de coisas que não evoluem tão rapidamente quanto desejávamos, em particular em relação ao Oriente Médio”.

“Temos de ser realistas”, prosseguiu O'Brien. “Podemos influenciar os Estados Unidos, mas não podemos controlar a superpotência. Eles escutam nossa diplomacia, mas também têm a deles”, explicou.

O ex-diplomata David Colvin, que assinou a declaração, reforçou as críticas nesta terça. “A gota d'água foi o apoio de Bush ao plano de separação dos palestinos do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon”, explicou, lembrando a polêmica idéia de Israel — que pretende manter colônias na Cisjordânia, construir um muro de separação no local e impedir a volta dos refugiados expulsos pelos israelenses.

“Bush aprovou de fato a conquista de um território pela força”, declarou Colvin, que foi embaixador em Bruxelas (Bélgica). “Não se pode fazer isso. Se quiserem acabar com as fronteiras, isso deve ser feito com o consentimento de ambas as partes, não de forma unilateral”.

O plano de Sharon foi elogiado por Bush e, conseqüentemente, por Tony Blair. O sentimento expressado pelos ex-diplomatas aparenta ser compartilhado por seus colegas na ativa, que precisam manter uma certa discrição a respeito.

“Há muito descontentamento entre os diplomatas britânicos”, afirmou um deles, pedindo para não ser identificado. O documento dos ex-diplomatas foi divulgado no momento em que o governo Blair discutia a possibilidade de enviar mais soldados ao Iraque, a pedido dos Estados Unidos.

Após a repercussão negativa, Blair desistiu do reforço nas tropas.




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