Política Titulo Mauá
Comissão cede e Atila será o último a ser ouvido

Prefeito de Mauá não compareceu em oitiva e vereadores aceitam requerimento da defesa

Daniel Tossato
do dgabc.com.br
12/03/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Mesmo com a ausência do prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), em oitiva a qual foi convocado na Câmara, vereadores que integram uma das comissões de impeachment contra o socialista cederam ontem ao pedido de sua defesa e ele será o último a prestar depoimento, intimado pelos parlamentares. Impetrada pelo PT, essa ação processa o prefeito por quebra de decoro.

A defesa de Atila, liderada pelo advogado Leandro Petrin, alegou que, por ser uma das partes acusadas no processo, o prefeito teria a prerrogativa de dar o depoimento derradeiro no caso. Nenhum dos vereadores que compõem a comissão processante fez objeção, sendo o pedido acatado de maneira unânime. O grupo é composto pelo vereador e presidente do colegiado, Sinvaldo Carteiro (DC), o relator Joelson Alves dos Santos, o Jotão (PSDB), e o parlamentar Vladimilson Garcia, o Bodinho (PRP).

“A defesa quer que o prefeito compareça à oitiva, mas pedimos que ele seja o último a ser ouvido para ter ciência do que todas as testemunhas irão falar”, disse Petrin, logo no início da reunião. A Justiça já havia negado o pedido do socialista em decisão anterior ao depoimento. Com a deliberação, não há data predeterminada para o novo depoimento de Atila. A oitiva deve ser marcada junto com o deputado federal Orlando Silva (PCdoB), seu ex-correligionário e uma das testemunhas de defesa do prefeito.

O Diário antecipou que a tendência era que Atila não comparecesse à Câmara. Ontem, a defesa não confirmou, contudo, se o prefeito recebeu a notificação da comissão. Segundo Petrin, os advogados não conseguiram contato com o chefe do Executivo durante o fim de semana. A comissão processante alegou, por sua vez, que tentou notificar o prefeito duas vezes em seu gabinete, porém, que não o encontraram no local. Em uma terceira tentativa, o ofício foi deixado com uma das funcionárias do socialista, dentro do gabinete.

Além de Atila e Orlando Silva, outras nove testemunhas foram arroladas no processo. Entre elas estão o ex-secretário de Governo e braço direito do prefeito, João Gaspar (PCdoB), e o proprietário da empresa Lara, Wagner Damo, e três vereadores. Nessa ação de impeachment, Atila, principal alvo da Operação Trato Feito, é investigado por quebra de decoro, com base nas acusações da PF de que o socialista arrecadava dinheiro de propina e organizava pagamento de Mensalinho a 21 de 23 vereadores e um suplente.

TAMBÉM DE FORA
Assim como Atila, João Gaspar, que também chegou a ser preso duas vezes pela PF, não compareceu à oitiva de ontem. De acordo com integrantes da comissão e até mesmo a defesa de Atila, Gaspar está proibido de entrar em prédios públicos, conforme medidas cautelares. O grupo ainda estuda possíveis alternativas ao depoimento do comunista.

Gaspar é apontado como organizador do esquema de pagamento de Mensalinho aos vereadores. A PF encontrou anotações do ex-secretário com o nome de parlamentares e a descrição de valores.

Adjunta nega irregularidades em licitação

A atual secretária adjunta de Educação, Scarlet Angelotti, foi a primeira a ser ouvida pela comissão processante e respondeu, na primeira parte da reunião, a algumas perguntas sobre a aquisição de uniformes escolares distribuídos pela Prefeitura, aspecto apontado na investigação com indícios de superfaturamento. Ela negou irregularidades. Durante a segunda metade, Scarlet depôs sobre a merenda escolar.

A adjunta levou algumas peças do uniforme entregues pela Prefeitura, alegando que os cálculos da administração municipal levaram em consideração a qualidade do tecido utilizado na produção das vestimentas. Questionada pelo advogado de Atila, Leandro Petrin, Scarlet sustentou que o governo se baseou em ata da gestão anterior para a compra das peças. Segundo a secretária, em 2017, alguns vereadores participaram da entrega dos uniformes e em 2018 a distribuição foi realizada em duas datas distintas.

Os três componentes da comissão, os vereadores Sinvaldo, Jotão e Bodinho, pouco questionaram a secretária adjunta. No entanto, as indagações mais incisivas foram feitas por Bodinho.

Além da secretária adjunta, foram ouvidos ontem o advogado Felipe Marques, que atua na Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), além de Davi Alves de Oliveira, proprietário da empresa Davi Caminhões, prestadora de serviço da Prefeitura, e o secretário de Administração e recém-retornado ao cargo pelo prefeito, Marcos Maluf. 




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