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Meninos trocam ruas por dia a dia no Corpo de Bombeiros

Corporação ensina primeiros socorros e outros cuidados a cerca de 100 garotos entre 9 e 15 anos

Por Caroline Garcia
Do Diário do Grande ABC
11/08/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 Acanhado e de voz baixa, Wemblay talvez não tenha noção do seu feito no auge dos seus 14 anos. “Meu sobrinho estava engasgando com um pedaço de carne e eu consegui salvá-lo com a instrução que tivemos aqui.” O ensinamento em questão foi a manobra de Heimlich, técnica de primeiros socorros realizada em casos de asfixia, na qual Wemblay Santos de Paula, hoje com 15 anos, aprendeu no programa Bombeiro Mirim e aplicou na criança de 4 anos. E salvou sua vida. “Todo mundo ficou feliz”, diz, com simplicidade, o jovem morador da Vila Assis, em Mauá.

Os irmãos Victor Aurélio Lima dos Santos, 13, e Marlos Aurélio dos Santos, 14, têm a ciência de que se não estivessem frequentando o programa toda a tarde – onde batem carteirinha há quatro anos –, estariam perambulando pelo Zaíra 4, onde moram. “Nossa mãe nos colocou aqui para tirar a gente da rua”, contam. Ambos querem seguir carreira no Corpo de Bombeiros. Wemblay quer ser policial.

Não que essa seja a principal função, mas se vestir com um uniforme bem parecido com o da corporação e aprender diversas técnicas utilizadas para salvar vidas dentro de um quartel de verdade despertam tal interesse pela profissão em quase todos os meninos que frequentam o Bombeiro Mirim.

Este ano, a ação socioeducativa completa 25 anos e atende cerca de 100 crianças e jovens de 9 a 15 anos em situação de vulnerabilidade social ou que tenham seus direitos desrespeitados de alguma forma. “Há três maneiras de se chegar até o programa: via Cras (Centro de Referência de Assistência Social), Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e abrigos municipais. Em todos os casos as crianças e as famílias passam por avaliações psicológicas antes de serem encaminhadas”, explica o coordenador do Bombeiro Mirim Diego Lima Nunes.

O programa funciona com parceira entre a Prefeitura e o Corpo de Bombeiros. A corporação é responsável pelos ensinamentos de primeiros socorros, prevenção de acidentes domésticos, uso de extintor, confecção de cadeirinha para resgate e funcionamento da viatura.

Já o Paço arca com o custo dos funcionários – ao todo são 11, entre educadores, assistente social, merendeiras e manutenção – e alimentação. As crianças recebem duas refeições diárias.

Além da parte prática, os profissionais fazem trabalhos com temas transversais, como Saúde, Educação, prevenção de drogas e álcool, higiene e violência. “Temos também a exigência de que para frequentar o programa é preciso estar matriculado e frequentar a escola”, diz Nunes. Há turmas da manhã, das 8h às 11h, e da tarde, das 13h às 16h.

Segundo o coordenador, não há um tempo fixo para que os jovens permaneçam na ação. “Trabalhamos junto às famílias e aos centros de assistência. Se a vulnerabilidade for superada e os vínculos familiares forem restabelecidos, as crianças já estão aptas a ir embora. E, dessa forma, conseguimos abrir vagas e ajudar mais meninos.”




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