Política Titulo Poder econômico
Empresas bancaram 25% das campanhas em 2012
Por Junior Carvalho
Vitória Rocha
Do Diário do Grande ABC
15/08/2016 | 07:00
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Proibido a partir das eleições deste ano, o financiamento empresarial de campanha representou pelo menos 24,6% do total de recursos arrecadados pelos 36 prefeituráveis do pleito de 2012. Dos R$ 52,38 milhões em receitas declaradas por todos os candidatos à Justiça Eleitoral há quatro anos, ao menos R$ 12,89 milhões foram provenientes de doações de empresas.

Este levantamento feito pelo Diário incluiu apenas doações feitas por pessoas jurídicas, em transações destinadas diretamente aos candidatos ou aos comitês de suas campanhas. Entretanto, o peso das doações empresariais nas campanhas é bem maior e tende a superar os 24,6% das receitas nas eleições. É que o sistema de doações empresariais até então vigente no País permitia que muitas das contribuições fossem realizadas de forma indireta. Empresas realizavam os depósitos aos diretórios nacional e estadual dos partidos, que distribuíam os recursos aos candidatos. Esse modelo dificulta o mapeamento completo da interferência do poder econômico privado em disputas públicas.

Para o cientista político Paulo Barsotti, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o fim do financiamento empresarial vai baratear as campanhas, equilibrando as disputas, além de resgatar a militância ideológica e espontânea. “Agora você volta a ver quem tem garrafa velha para vender. No passado, a partir do momento que entrou o financiamento privado de campanhas surgiu até showmícios. Isso teve um efeito que foi a desmobilização das estruturas partidárias enquanto organismo”, analisou Barsotti. “O PT, por exemplo, tinha uma máquina partidária que era extraordinária e se fazia valer, mas quando a sigla chegou ao poder, fez parte do Estado, perdeu o vínculo com a base”.

No pleito de 2012, a então candidata governista derrotada à Prefeitura de São Caetano, Regina Maura Zetone (PSDB), gastou mais que todos os prefeituráveis da região por voto recebido: R$ 62,54. O cálculo leva em conta os gastos da campanha e o desempenho do candidato na urna (Regina recebeu 33.594 votos). Na ocasião, a campanha dela registrou receita de R$ 2 milhões, sendo mais da metade (R$ 1,1 milhão) de originada de doação direta de empresas.

Apesar de mudar várias regras para as eleições, a reforma política elaborada no ano passado pelo Congresso Nacional não extirpou o financiamento empresarial das eleições, apontada por muitos especialistas como estímulo à corrupção. A Operação Lava Jato revelou que as grandes empreiteiras envolvidas no esquema de desvio na Petrobras foram as principais financiadoras de campanhas, sobretudo presidenciais. O fim desse método foi decretado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no fim do ano, que declarou como inconstitucional as doações feitas por pessoas jurídicas, por entender que há conflitos de interesses nas ofertas.

O pleito deste ano será bancado exclusivamente por doações de pessoas físicas, com teto estipulado, e com recursos do Fundo Partidário. 




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