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Empregados em greve acampam na Mercedes

Objetivo é manter mobilização para pressionar a montadora a rever 500 demissões

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
25/04/2015 | 07:01
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Em greve ontem pelo terceiro dia, os trabalhadores da Mercedes-Benz em São Bernardo resolveram acampar na frente das portarias da fábrica da montadora para intensificar a mobilização e pressionar a empresa a voltar atrás na decisão de demitir 500 dos 715 funcionários em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) no dia 4 de maio.

Entre os acampados estão muitos dos empregados suspensos, que foram orientados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a não irem aos cursos de qualificação e ficarem de vigília em frente à empresa. Há também pessoas que estavam trabalhando e decidiram participar da luta pela preservação dos postos de trabalho. Nesses três dias, a atividade produtiva está interrompida. Apenas funcionários de setores essenciais, como vigilância e ambulatório, e da área de comunicação, seguem trabalhando.

Os acampados estão se revezando para permanecer no local 24 horas por dia, ficando parte deles pela manhã, outros à tarde e, alguns, passando a noite em barracas colocadas perto das entradas da empresa no bairro Pauliceia. Para isso, os representantes do CSE (Comitê Sindical de Empresa) da fábrica e integrantes da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC coordenam a estratégia, para manter a pressão sobre a montadora.

Além da mobilização para que a fabricante reabra negociações e reveja as demissões, o sindicato organiza, para amanhã à tarde, ida a Brasília de, pelo menos, três ônibus com grevistas. A intenção, segundo o vice-coordenador do CSE da Mercedes, Kleber Nunes, é fazer manifestação, na segunda-feira, em frente ao Ministério da Fazenda, para cobrar do ministro Joaquim Levy a implantação de programa de proteção ao emprego – proposta inspirada em modelo adotado na Alemanha, e que possibilita a redução da jornada e de salários por prazo de até dois anos como resposta a crises, desde que os empregados aprovem a medida em assembleia.

Nunes disse que a paralisação seguirá por tempo indeterminado e que, por enquanto, a direção da montadora não procurou o sindicato para conversar a respeito. Contatada pela equipe do Diário, a Mercedes informou que não há nada de novo e segue valendo o comunicado emitido na quarta, em que a montadora afirma que tem excedente de cerca de 1.900 funcionários (os 715 em lay-off e mais 1.200 trabalhando) na unidade fabril da região, por causa do fraco resultado de vendas.

A produção da companhia, neste ano, é 40% menor que em 2014. O dirigente assinalou ainda que praticamente não houve adesão ao PDV (Programa de Demissão Voluntária), que se encerra na segunda-feira. Funcionários reclamam que o valor do pacote de benefícios é baixo (R$ 28,5 mil e, se a pessoa estiver em lay-off, mais R$ 11,5 mil) e, como o mercado está ruim, há o receio de que, se aceitar sair, o trabalhador ficará desempregado por muito tempo.  




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