Esportes Titulo Galo Doido
Heroico, Atlético-MG
conquista a América

Galo iguala vantagem de dois gols e tira
o título das mãos do Olimpia nos pênaltis

Marco Borba
Enviado a Belo Horizonte
25/07/2013 | 01:45
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Tiago Silva/DGABC


Foi sofrido e banhado com muitas lágrimas. O Atlético-MG devolveu os 2 a 0 ao Olimpia, ontem à noite no Mineirão, levou o jogo à prorrogação, venceu por 4 a 3 nas penalidades e ficou com o título inédito da Copa Libertadores.
A equipe mineira havia perdido a primeira partida pelo mesmo placar do tempo normal, em Assunção, e precisava fazer dois de diferença para não ficar pelo caminho na busca pela taça nos mais de cem anos de existência.

A conquista fez jus ao futebol que os mineiros vinham apresentando desde o início do ano passado e acabou com a “sina de vice” do técnico Cuca, imensamente festejado por jogadores e torcida. A capital mineira virou um verdadeiro carnaval com a libertação do Galo Doido.

A torcida fez a parte dela e desde o início da tarde já se aglomerava no estádio. Assim que a partida começou cantou e empurrou a equipe, que ensaiou pressão, mas demonstrou ansiedade nas tentativas de ligação direta com o ataque. Desta forma, errou muitos passes, facilitando a vida do Olimpia, que se fechou todo atrás da linha da bola.

O Galo teve dificuldades para furar o bloqueio porque os homens de frente pouco se movimentaram. Assim, Ronaldinho, que foi bem cercado, teve dificuldades para fazer as jogadas. No entanto, nas raras oportunidades em que encontrou espaço levou perigo, como aos 19 minutos. Após cruzamento da direita, Ronaldinho testou sozinho e a bola passou rente à trave esquerda. Aos 24, o anfitrião voltou a assustar. Josué cruzou da direita, Tardelli desviou, a bola tocou na defesa e saiu rente à trave esquerda. Os paraguaios só levaram perigo em chute de Alejandro Silva.
Na etapa complementar, o Galo foi para o tudo ou nada e logo aos 58 segundos abriu o placar. A bola foi alçada na área, Pitori furou e Jô balançou as redes.

O gol incendiou a partida e o time seguiu no ataque até chegar ao segundo gol, com Leonardo Silva escorando de cabeça no canto esquerdo do goleiro Martin Silva. Na prorrogação, o Olimpia jogou com um a menos porque Manzur, que já tinha amarelo foi expulso. O time mineiro insistiu e teve duas boas chances de fazer o terceiro, a melhor delas, com Rever, que cabeceou no travessão.

Com o fim da prorrogação sem alterações no marcador, veio a loteria dos pênaltis. Logo de cara, Miranda cobrou rasteiro e Victor tirou com os pés. Os jogadores do Galo foram frios o suficiente para não errar nenhuma. Depois, Gimenez mandou na trave a quinta cobrança dos paraguaios e o Mineirão finalmente explodiu em festa.


Torcedores viajam 1.700 quilômetros para apoiar time

Família unida viaja unida. Pai e filho percorreram 1.700 quilômetros, de Cuiabá a Belo Horizonte para acompanhar o Atlético-MG na final da Libertadores. Natural de Uberlândia, o empresário Jairo Antônio Vieira, 49 anos, voltou à capital mineira com o filho Alexandre Borges Vieira para ver o time do coração na busca pelo título inédito.

“Moro em Cuiabá há 20 anos e sempre acompanho o time. Trouxe meu filho para vaciná-lo com a paixão do Galo”, comentou Jairo, que esteve pela quarta vez este ano ao Mineirão. A primeira na reinauguração do estádio, no clássico com o rival Cruzeiro, depois diante do São Paulo, pelo Brasileirão, e contra o Arsenal, pelo torneio continental.

O empresário não mede esforços para manter acesa a paixão pelo Galo. No primeiro jogo da final, conta, viajou 1.650 quilômetros de carro até Assunção, no Paraguai. “Soube que, infelizmente, aconteceram incidentes envolvendo torcedores do Galo, mas não tivemos problemas. Fomos bem recebidos. Os paraguaios são mais receptivos que os argentinos.”

Jairo Vieira admite ter receio de ir aos estádios por conta da violência, mas não desiste da empreitada. “Deveria haver mudança no código penal para punir com rigor quem vai para brigar, mas quem ama seu time não deve desistir.”

Outro mineiro, o aposentado José Valeriano da Cruz, 67, de Governador Valadares (320 quilômetros de Belo Horizonte), mas que atualmente mora em Jandira, na Grande São Paulo, também enfrentou a estrada, de ônibus, para ver o time do coração. Embora confiante, preferiu não arriscar prognósticos.“Torço, mas sempre com os pés no chão”, recordou-se.

Os portões do estádio foram abertos às 19h20 e segundo a Polícia Militar nenhuma ocorrência foi registrada nas imediações. Sessenta mil ingressos foram colocados à venda e muitos torcedores procuravam entradas antes da partida. Um grupo levou bandeirão de 70 x 20 metros para estender nas arquibancadas.

Kalil constrange presidente da Conmebol e ataca Marin

Na coletiva promovida ontem pela Bridgestone, patrocinadora da Libertadores, em hotel de Belo Horizonte, a troca de farpas entre os presidentes do Atlético-MG e do Olimpia, respectivamente, Alexandre Kalil e Óscar Carísimo, causou constrangimentos ao presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), Eugênio Figueiredo. Sobraram críticas até para o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin.

Ao rebater queixas de Carísimo quanto à bagunça causada por atleticanos em frente ao hotel do time paraguaio na madrugada, Kalil lembrou que ônibus da delegação e de torcedores mineiros foram recebidos com pedradas semana passada, em Assunção, e disparou contra o mandatário do Olimpia.

“É bom lembrar que um torcedor nosso chegou a ser baleado lá no Paraguai e só hoje (ontem) retornou ao Brasil. Então, é preciso colocar as coisas nos devidos lugares.” Depois minimizou. “Sei que nós como dirigentes esportivos não podemos fazer nada, isso é questão de segurança, mas alguma coisa precisa ser feita para melhorar a competição."

Kalil voltou a se irritar quando perguntado sobre a realização da final no Mineirão. Ele queria que o Galo atuasse no Estádio Independência e reafirmou que o regulamento não foi respeitado. De acordo com a diretriz da Conmebol, nas partidas das finais os estádios têm de ter capacidade para 40 mil pessoas, mas o Defensores Del Chaco, palco do primeiro jogo, só tem lugar para 38 mil. O Independência, por usa vez, apenas 23 mil.

“A Libertadores tem de caminhar para uma organização melhor. Causou estranheza o regulamento não ter sido cumprido. Se eles puderam jogar no Defensores, que não tinha condições de receber, então também tínhamos o direito de jogar no Independência.

Procurei o Figueiredo, mas me disseram que ele estava na Turquia. Não fui recebido para discutirmos essa questão. O presidente da Conmebol e o da CBF, que poderia ter agido como maior representante do nosso futebol, foram muito fracos.”

O mandatário se defendeu dizendo que estava em compromissos na Turquia. “Além de presidente da Conmebol, sou organizador da região (América Latina) para o Mundial de 2014 aqui no Brasil e estava tratando desses assuntos. Mas o Marin defendeu, sim, seu clube (Atlético) até o último momento”, disse, sem responder, no entanto, quais os critérios usados para a definição do local dos jogos no Paraguai e no Brasil. A CBF não tinha representantes no evento.

BRONCA


Quanto aos incidentes envolvendo torcedores, Figueiredo apenas comentou: “A nossa responsabilidade é assegurar a normalidade (nos jogos) para os dois clubes e aos torcedores que vão aos estádios”.

O presidente da Conmebol admitiu, porém, que a violência entre torcedores nas competições sul-americanas o preocupam. Pediu apoio dos clubes e ameaçou puni-los caso novos incidentes aconteçam. “Estamos preocupados realmente. Quanto à mudanças nas regras dos jogos podemos até fazer, porque não somos perfeitos. No próximo ano, espero que os clubes cuidem para que não aconteçam (atos de violência), senão terão seus campos suspensos e jogarão em campo neutro. Não podemos permitir que atos primitivos voltem a acontecer”.

Perguntado sobre qual seria a premiação para o campeão e vice, Figueiredo desconversou. “A Libertadores tem mais prestígio do que valores. São 150 partidas e muitos gastos, teríamos de triplicar nossos ganhos para distribuir prêmios melhores. Vamos torcer para que a Bridgestone fique muitos anos com a gente”, brincou, distribuindo sorrisos ao diretor de comunicação da empresa, Nobuyuki Tamura. O contrato de patrocínio, válido a partir de 2013, se estende até 2017.

O presidente do Olimpia revelou, porém, que a premiação ao vencedor será de US$ 2 milhões. “Se ficarmos com o título, distribuiremos US$ 1,9 milhão em prêmios à comissão técnica e jogadores e o clube ficará com o restante”, afirmou. Os paraguaios já levantaram a taça três vezes: 1979, 1990 e 2002. Na última, diante do São Caetano.
Segundo o presidente da Conmebol, a Libertadores é transmitida atualmente para cerca de 200 países.
 




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