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Tarzan perde a luta contra a Covid-19
Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
26/01/2021 | 00:01
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O futebol de várzea do Grande ABC está de luto. Morreu na madrugada de ontem, vítima da Covid-19, Otaviano Crispiniano da Rocha, mais conhecido como Tarzan, 58 anos, presidente do EC União do Morro. Internado há 20 dias em hospital particular de São Bernardo, ele não resistiu a complicações da doença – agravadas por outras comorbidades. Diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, onde trabalhava desde 1991, além de dirigente e fundador do partido Solidariedade no território andreense, era figura muito conhecida. E usava disso para fazer o bem ao próximo. Durante a apuração para uma reportagem sobre ações que as equipes do futebol amador da região estavam promovendo para ajudar famílias atingidas economicamente pelo novo coronavírus, ele me contou que seu time já havia arrecadado cinco toneladas de alimentos (em parcerias com o Mercado Primavera, o próprio sindicato, o Instituto Seci, a Braskem, entre outros), distribuídos principalmente entre o Parque Capuava e o Jardim Alzira Franco, mas que também beneficiou famílias do Parque do Pedroso e até da Capital (São Matheus e Jardim Sapopemba).

Enfim, Tarzan era uma daquelas pessoas especiais, que se preocupam com o próximo. “Nós, da diretoria do União do Morro, achamos que neste momento difícil precisamos estar juntos para salvar vidas, porque elas não têm preço. Então estamos neste trabalho solidário. Vemos de perto o sofrimento de algumas mães e pais de família, que muitas vezes choram quando recebem uma cesta básica”, me contou, em maio do ano passado, o dirigente, que agradeceu a participação do ex-atacante do Santo André Ronaldo (atualmente no Avaí-SC), na ação. No dia seguinte à publicação da reportagem, ele me mandou mensagem perguntando se havia saído e comemorou quando recebeu uma resposta afirmativa de minha parte. “Oba, vou na banca comprar os jornais, então. Obrigado”, agradeceu. Retruquei que eu é quem agradecia pela disponibilidade.

Nas redes sociais, ele recebeu série de homenagens. “Nosso companheiro descansou. Com o coração dilacerado em dor que comunicamos o falecimento do nosso presidente Tarzan Rocha, nesse momento terrível não temos como expressar nossa dor”, publicou o União do Morro, em nota assinada pela diretoria. “A Liga Santoandreense de Futebol expressa seus mais sinceros sentimentos pelo falecimento do nosso amigo do futebol amador e presidente do União do Morro, Tarzan Rocha. Nossos mais sinceros sentimentos aos amigos e familiares”, destacou a entidade que organiza a várzea de Santo André.

A última mensagem que recebi de Tarzan foi em 24 de dezembro. Uma imagem bem simples, com a montagem de uma foto dele, uma árvore de Natal e o escudo do União do Morro, desejando boas-festas, acompanhado de um “aquele abraço”. E fica aqui o meu registro de um arrependimento. Não serve como desculpa, mas talvez a correria me tenha impedido de respondê-lo, desejando o mesmo para ele. Infelizmente, quis o destino que um mês depois ele se fosse deste plano. Mas, onde quer que esteja, que siga com suas boas ações e olhando pelo próximo. Como te disse no último contato que fiz: “Eu que agradeço”.

HISTÓRIA QUE SE REPETE
O acidente fatal com o avião que levava quatro jogadores mais o presidente do Palmas-TO para Goiânia e matou a todos, além do piloto, me faz voltar no tempo e remeter à tragédia com a Chapecoense, em novembro de 2016. E, assim como acontecera na queda do time catarinense, perdi outro conhecido. O volante Guilherme Noé, 28 anos, defendeu o São Bernardo FC nas temporadas 2017 e 2018, tempo no qual dividimos por tantas vezes o mesmo espaço no Estádio 1º de Maio, no campo, nos corredores ou na área de coletiva de imprensa. Era muito comum vê-lo junto do zagueiro Dogão, do lateral-direito Edvan, do lateral-esquerdo Assis e do também volante Thiago César. Era um quinteto praticamente inseparável, composto por muitas resenhas e risadas. E uma das maiores lembranças que tenho é da entrega de Noé, tanto nos treinos quanto nos jogos. Um atleta de muito ímpeto, que encarava as partidas como guerras. Porém, com os problemas que começaram a surgir no Tigre – sobretudo financeiros – acabou deixando o clube após 19 jogos com a camisa aurinegra (clube onde mais atuou na carreira).

O volante teve sua contratação anunciada pelo Palmas há 15 dias. Ele retornava ao clube, onde havia sido campeão tocantinense em 2019. Estava no avião junto do presidente, Lucas Meira, e dos colegas de elenco Ranule (contratado no mesmo dia de Noé), Lucas Praxedes e Marcus Molinari, porque cumpria o último dia de quarentena da Covid-19 e estava seguindo para a capital goiana, onde o Palmas-TO enfrentaria ontem o Villa Nova-GO, pela Copa Verde. O quarteto se juntaria ao elenco, que já estava em Goiânia. Entretanto, a aeronave caiu logo após decolar no Tocantins, domingo pela manhã.

SÓ FALTA ASSINAR
De acordo com o colega Thiago Bassan, que por alguns anos foi repórter deste Diário, o São Caetano está muito perto de fechar com cinco jogadores: o atacante Alison Tadei, ex-Criciúma-SC; o zagueiro Elton, ex-Mirassol; os laterais-esquerdo Fernando Júnior, ex-Botafogo-PB, e Vinicius, ex-América-MG, e o atacante venezuelano Perozo, ex-Guabirá-BOL. 




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