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Mantega diz estranhar posição de Miguel Jorge sobre cobrança de IOF

Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior reafirma ser contra a taxação de capital estrangeiro

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23/10/2009 | 07:00
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou à Agência Estado que "estranhou" a manifestação contrária do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, à cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre capital estrangeiro. Jorge, que na terça-feira disse que a medida só beneficiaria a arrecadação e não ajudaria os exportadores, reafirmou ontem que considera a "inócua".

Segundo Mantega, na reunião do GAC (grupo de avanço da competitividade), realizada na terça-feira no ministério, dos representantes de 40 setores empresariais presentes todos se manifestaram favoráveis, à exceção da Fenabran (Federação Brasileira de Bancos).

"O setor produtivo aprovou a medida e o ministro Miguel Jorge estava presente. Estou estranhando ele ser contra, pois ele estaria contra todo o setor empresarial que ele representa. O ministério do Desenvolvimento tem interesse nisso e seria estranho ele se contrapor a essa medida", disse Mantega. Questionado se estaria aborrecido com Miguel Jorge, o ministro da Fazenda disse que não. "Acho que o Miguel Jorge está sendo mal interpretado. Acho estranho que ele seja contra", disse.

Antes da entrevista de Mantega, Miguel Jorge reafirmou sua posição durante palestra para alunos do curso de aperfeiçoamento de diplomatas, no Instituto Rio Branco. "Acho que a medida é inócua do ponto de vista dos exportadores, e isso se comprovou 24 horas depois (da implantação), quando o dólar voltou ao patamar anterior", afirmou. O principal objetivo da cobrança, segundo Mantega, era conter a desvalorização do dólar ante o real para favorecer as exportações.

Miguel Jorge reafirmou que o que ajudaria as exportações seriam ações que aumentassem a produtividade, a inovação e a competitividade da indústria. "Só com essas coisas, o Brasil vai se tornar um país exportador importante e capaz de compensar eventuais problemas cambiais."

Ele disse que o principal problema das exportações brasileiras é a redução dos mercados compradores, consequência da crise financeira. "Claro que a taxa de câmbio tem participação (nos problemas enfrentados pelos exportadores), mas, na minha opinião, o que mais dificulta é que reduziram muito os mercados importadores, que não voltarão aos patamares de antes da crise."

Miguel Jorge acrescentou que a desvalorização do dólar hoje não é um problema brasileiro, "é um problema mundial". "E isso não acontece aqui por excesso de investimento especulativo."

Ele também manteve sua avaliação de que a taxação do capital estrangeiro com 2% de IOF não vai estimular uma subida da taxa de câmbio no Brasil e reafirmou que, se essa alíquota fosse maior, seria "um tiro no pé" porque afastaria totalmente os recursos estrangeiros do País.

Stephanes prefere evitar polêmica e diz confiar na Fazenda

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, preferiu evitar conflito quando indagado sobre a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre capital estrangeiro. "Tenho que torcer para que o real não se sobrevalorize em relação ao dólar porque o setor agrícola é um dos que mais sofrem com isso", disse, enfatizando que as cadeias mais prejudicadas são as voltadas para a exportação.

Preferiu, assim, ficar fora da discussão pública envolvendo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.

Apesar de ser formado em economia, Stephanes se absteve de uma análise mais profunda em relação à medida. "Tenho que partir do princípio de que, como ministro da Fazenda, Mantega sabe o que está fazendo. Quero acreditar nisso e que a decisão foi tomada com base no conhecimento", considerou o ministro.




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